quarta-feira, agosto 04, 2021

MUITO BRASILIA, POUCO BRASIL

 


O governo anunciou no início de seu mandato uma frase de efeito que encantou a todos: Mais Brasil, Menos Brasília. Estavam anunciando um governo que olharia muito mais para os anseios dos brasileiros do que para os lobbies de Brasília. Todos gostaram, isso indicava uma mudança importante onde as necessidades do povo seriam levadas em consideração. Tudo muito bonito, muito bom, parecia. Mas, por exemplo no nosso estado, nunca vi e nem soube da vinda de algum desses técnicos e economistas, esses que propõem os projetos. Como saberiam então o que o povo mais pobre precisa? Ou acham, depois de algum tempo no poder, que ninguém sabe mais do que eles? 

Pois bem, uma das organizações mais importantes para os jovens brasileiros de todo o país, e principalmente para a os jovens da região mais pobre do País, que é o Nordeste, tem um grande aliado para prepara-los para a inserção no mercado de trabalho. São o SESI e o SENAI, órgãos insubstituíveis que lhes dão a formação profissional que precisam, a educação básica e o atendimento á saúde do trabalhador, sobretudo para as classes menos favorecidas. E o que lhes oferece é de alta qualidade e muito diversificada em inúmeros profissões que lhes garante o emprego e as competências que utilizarão pelo resto da vida.

O trabalho dessas organizações é muito respeitado e reconhecidamente são muito eficientes ao preparar os jovens. É o melhor passaporte para terem o primeiro e muitos outros empregos.

Mas, agora, o Ministério da Economia, manda uma Medida Provisória 1045/2021 com o objetivo de criar programa de estímulo ao primeiro emprego (sem a obrigatoriedade do beneficiário fazer curso de profissionalização) e um regime de qualificação profissional para trabalhadores do setor produtivo, custeados com 30% dos recursos do sistema S, logo do sistema que faz diuturnamente muito mais do que o novo programa governamental quer fazer. É mais uma dessas ideias que ao invés de ajudarem os jovens vão prejudica-los fortemente. Logo em um mercado que cada vez procura mais trabalhadores com boa formação profissional. Ao tirar esses recursos, e olha que tem muito programa que não funciona custeado pelo orçamento, onde poderiam achar recursos para custearem programas desse tipo, apenas temporários.

Ao tirarem esses recursos do Sistema S, o governo desarticula, e em alguns casos, inviabiliza a principal rede de apoio à tecnologia e a inovação de empreendimentos industriais, bem como a formação profissional e a saúde e segurança e segurança de milhões de trabalhadores em todo o país. É um equivoco prejudicar o trabalho de excelência de instituições com reconhecimento internacional, com acervo e com alcance em todo o Brasil para custear programas temporários como os anunciados.

A aprovação da MP1045 prejudicará milhões de brasileiros pois obrigará o fechamento de 227 centros de educação profissional e serviços tecnológicos; 1,23 milhão de vagas de qualificação profissional deixarão de ser oferecidas; 239 escolas e centros comunitários a saúde do trabalhador serão fechados; 247 mil vagas na educação básica e continuada, serão cortadas; 1,6 milhão de pessoas perderão atendimento em saúde; 390 mil vacinas deixarão de ser aplicadas. As micro e pequenas empresas que representam 98% das empresas brasileiras serão as mais prejudicadas pela redução dos recursos do Sistema S, pois são as que mais necessitam de qualificação e requalificação de profissionais e do atendimento em serviços de saúde e de inovação tecnológica.

Isso tudo sem diálogo, no escurinho de Brasília. Além disso é inconstitucional. Não podem fazer isso.

Acho que o governo deveria estudar melhor o assunto e retirar a MP. Conversando poderia até surgir uma luz.

Com a palavra a Bancada Federal maranhense.

Por José Reinaldo Tavares.

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