sexta-feira, agosto 06, 2021

[FUNDAJ] Livro baseado em estudo coordenado por pesquisador da Fundaj será lançado em agosto

 

Relatório do projeto foi aprovado na reunião de julho do Conselho Diretor
 

“A cultura educa?”. Essa pergunta, que parece simples, mas pode gerar um debate complexo, foi o ponto de partida para que pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolvessem o projeto que teve início em 2017 e virou livro. “Nós para Atar e Desatar - Relações entre Educação e Cultura” é a obra resultante do estudo e será lançada em agosto. A proposta de relatório foi aprovada na reunião de julho do Conselho Diretor da Fundaj.

 

O livro faz parte de um conjunto de publicações que resultaram da pesquisa “A qualidade da educação e a elaboração de indicadores para subsidiar políticas de educação e cultura”, desenvolvida por meio de uma parceria entre a Fundaj e a UFPE. O pesquisador da Casa, Maurício Antunes, foi o coordenador do projeto, junto ao professor Rui Mesquita, da UFPE, que é o coautor. “Fizemos a pesquisa profundamente em oito territórios, com equipes interdisciplinares. O processo foi bastante denso, com levantamento e conhecimento de experiências que têm essa relação entre educação e cultura”, explicou Antunes.

 

Além desse livro e mais outro que está em processo final de edição, a pesquisa também proporcionou o desenvolvimento de trabalhos de iniciação científica, especialização e mestrados, além de cursos e oficinas de formação de professores e de eventos de difusão científico-cultural.

 

O título do livro é uma referência à interdependência entre cultura e educação: os nós que amarram e entrelaçam essa relação. As histórias observadas têm como participantes famílias, comunidades, educadores, mestres, artesãos, empresas, fundações, instituições públicas e ONGs. As pesquisas foram realizadas em todas as regiões do Brasil.

 

Através de entrevistas individuais e em grupos e registros de imagens e narrativas em diário de campo, os pesquisadores visitaram oito territórios distribuídos pelos estados de Pernambuco, Pará, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e o Distrito Federal. O objetivo era conhecer as características socioculturais desses locais e coletar informações qualitativas sobre as experiências educativo-culturais desenvolvidas neles. Em Pernambuco, o estudo aconteceu nos municípios do Recife, por meio de grupos de ativismo cultural no bairro da Várzea; de Santa Maria da Boa Vista, por meio de escolas do campo, assentamentos da agricultura familiar e comunidade quilombola; e de Garanhuns, na Comunidade Quilombola de Castainho, por meio de escola do campo e grupo de mulheres.

 

Dentre os resultados, foi possível observar, de acordo com o livro, a diversidade que cada espaço tinha em suas dinâmicas, processos, tempos, formas organizacionais e modos de operar a cultura e a arte. Além de Maurício Antunes, a pesquisadora da Fundaj Cibele Lima Rodrigues participou do projeto. Foi possível observar que a atuação em rede de parcerias era presente em todas os projetos, seja com empresas e fundações privadas, seja com instituições públicas, e mesmo com outras ONGs e associações da comunidade.

 

O estudo de campo permitiu entender o uso da tecnologia para as atividades educacionais ligadas à cultura. Na Oca Escola Cultural, ONG que trabalha a cultura brasileira junto a crianças e adolescentes dos 5 aos 16 anos, no estado de São Paulo, e no Pró-Saber, centro especializado em letramento e alfabetização através da literatura infantil, na favela de Paraisópolis, os meios tecnológicos dão suporte na criação de produtos que facilitam o aprendizado a partir dos processos como contação de histórias, dança, teatro, música e brincadeiras.

 

Outras observações feitas ao longo da pesquisa e relatadas no livro foram sobre a relação entre educação e cultura das classes populares. Ainda há resistência por parte das famílias quando instituições de ensino tentam associar a cultura popular, memórias e atividades aos projetos educativos, principalmente quando existe a presença de elementos das tradições culturais de matrizes indígenas e africanas. As famílias ainda associam esses elementos à religiosidade e se opõem justificando que o dever da escola são os ensinamentos científicos e cultura erudita.

 

Durante o estudo, pessoas pertencentes a comunidades escolares foram entrevistadas. Uma delas foi o mestre Alcides, capoeirista, aposentado da Universidade de São Paulo, experimentado no desenvolvimento de projetos de capoeira em escolas e universidades. Na ocasião, ele falou sobre a inclusão de mestres da cultura popular nesses ambientes e suas dificuldades. “Então, nas culturas tradicionais, a metodologia não é ficar ensinando, falando, é deixar as pessoas curiosas para elas prestarem atenção e aprender”, disse em trecho do livro.

 

Participaram do estudo: as professoras Ana Emília Castro e Karina Valença (UFPE), o professor Caetano De’Carli (UFRPE), os estudantes de graduação, mestrado e doutorado Josenilda Maria Avlis, Manuela Dias, Sandro Silva, Thiago Antunes, as consultoras especialistas Carla Dozzi, Kelly Cristina Alves e Karla Teresa Amélia Fornari de Souza, as coordenadoras e técnicas do Comitê Territorial de Educação Integral de Pernambuco Glauce Gouveia, Rosevanya Albuquerque e Samira Bandeira, os mestres e educadores populares Ailton Fernando Guerra, Deybson Albuquerque Silva e Joab Ferreira da Silva.

Jornalista Thaís Mendonça- Colaboradora do Blog do Ezequias Martins- em Recife- PE.

 

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