Por José Reinaldo Tavares.
O Brasil, decididamente, não é para principiantes. No meio de uma pandemia ceifadora de vidas, em menos de dois anos, já estamos nos aproximando dos 600 mil mortos e milhões de pessoas, com graves sequelas por terem sido infectados e salvos em hospitais e UTIs (sequelas que exigem longa e penosa recuperação física e psicológica), ficando incapacitados para o trabalho durante muito tempo, muitas vezes arrimos de famílias em que muitos dependem deles ou delas. Com tudo isso acontecendo, era de se esperar que estivéssemos debruçados em estudar a situação, tentando encontrar os meios para a mais rápida recuperação, apoiando as famílias que descobrimos serem milhões de pessoas em situação de pobreza intensa e desesperança.
São quase 15 milhões de pessoas desempregadas e nem todas recebendo Seguro-desemprego, que só é pago aos que trabalham com carteira assinada. E com cerca de 20 milhões de pessoas, sem nenhum registro, completamente ignoradas e sem direito algum, vivendo o fantasma da fome, não estamos tentando resolver como crescer e evitar que a tragedia se prolongue por mais tempo.
A vacinação completa segue lenta, pois precisamos de duas doses de vacina. Mas como começamos a vacinar com grande atraso, mal chegamos a ultrapassar 20% da população ativa e só estaremos mais protegidos quando chegarmos a 70% de vacinados. A população pobre não pode esperar mais e vai para a rua, de qualquer maneira, a fim de melhorar a renda para sustentar a família, mesmo sob ameaça de contaminação e de novas variantes do vírus.
Os jovens não aguentam mais ficar longe das alegrias da noite e, assim, vamos navegando sem rumo. E muita gente, completamente irresponsável, tentando convencer a população a não se vacinar, como se soubessem alguma coisa que a Ciência não sabe. Nos E.U.A., o governo está pagando para as pessoas se vacinarem, fazendo campanhas esclarecedoras sobre a necessidade da vacina. E com a publicação de que mais de 95% das internações e mortes foram de pessoas não vacinadas, o povo parece que está acordando para o grande perigo que está correndo e voltando aos postos de vacinação.
Esse é o quadro. Mas o que está se discutindo é se a urna, que tornou a eleição mais democrática e livrou as eleições das fraudes, é segura – mesmo não havendo, ao longo de tantos anos, nenhum registro de fraude e que sua confecção tenha sido feita com a participação de militares das três armas, além de especialistas e sendo segura como todos sabem ou deveriam saber. Portanto, estamos perdendo um tempo enorme discutindo um assunto que não existe e que nem precisa de solução alguma.
Outro assunto é a perene tentativa de burlar o teto criando programas eleitorais, tentando tirar dinheiro do sistema S, que faz um serviço admirável em beneficio de tantos jovens, a maioria muito pobre, que busca se profissionalizar e achar uma especialização. Esse ambiente estranho está afugentando capitais, empobrecendo o país e impedindo votações importantes como é a da Reforma Tributária, o marco das ferrovias e tantas outras, além da tentativa de aprovar uma aberração chamada “Distritão” e a volta das coligações de triste memória. A “nova política” não está bem na foto!
E nesse quadro, o crescimento que deveríamos ter de 5,5%, neste ano, e de 3%, ano que vem, começa a ficar distante. A única coisa real nesse momento é o aumento da inflação e das contas de energia com a grande seca que atingiu vários estados produtores. E a consequência, sem dúvidas, do grande desmatamento de nossas principais florestas, principalmente a Floresta Amazônica.
Juízo parece fazer muita falta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário