Que o Maranhão tem na sua costa uma grande reserva de petróleo, a grandes profundidades, ninguém mais duvida. Essas reservas se estendem também pelo litoral do Pará e Amapá e vai até a Guiana. É um pré-sal sem o sal. E mais fácil de extrair. Sarney, quando foi president, estava informado disso. Mais recentemente o ministro das Minas e Energia, Fernando Bezerra, no Governo Temer, me garantiu isso.
Empresas americanas ganharam leilões para prospectar, mas tiveram grandes empecilhos e incertezas devido à oposição sistemática de órgãos ambientais que conseguiram paralisar os trabalhos aqui, mas não conseguiram parar a Petrobras, na costa do Rio de Janeiro, de onde a empresa vem tirando, com grande sucesso e sem causar danos ambientais diretos para a maior parte do petróleo brasileiro. E criando milhares de empregos, enriquecendo estados e municípios.
Hoje o tempo passou. Veio a certeza dos danos ambientais causados pela emissão de carbono na atmosfera e o mundo, premido pela gravidade das consequências causadas pelo aquecimento devido ao Efeito Estufa, já marcou data para cessar o uso intensivo dos combustíveis fósseis. Uma mudança definitiva no modo em que vivemos, acostumados a um combustível barato e com alto valor energético. O mundo identificou os vilões do clima, e quer substitui-los por novos que atendam às necessidades do mundo, mas sem emitir gás carbônico. Emissão zero de carbono é a nova ordem mundial.
Assim, ficou muito difícil encontrar empresas que queiram investir pesado em extração e comercialização de combustíveis fósseis, em um mercado que pode se encerrar entre 2035 e 2050.
Nós temos o Etanol, sim, um combustível que pode atender às especificações verdes, mas não poderá ser um combustível mundial, a energia do futuro, porque não há possibilidade de atender à demanda global, pois teríamos que usar todas as terras agricultáveis para isso e morreríamos de fome, com a escassez de alimentos que viria.
Mas, por mais paradoxal, que pareça, surge do Nordeste brasileiro a solução para ocupar o lugar e nos tornar a região do mundo mais apta e preparada para se tornar o maior fornecedor e produtor da energia escolhida pelos líderes do processo, o hidrogênio verde: aquele que é obtido pela eletrólise da água, separando oxigênio e hidrogênio, usando para isso uma energia que não emite carbono, a energia renovável obtida do sol e dos ventos. A nossa região já é reconhecida, mundialmente, como a que reúne as melhores condições no mundo para produzir o H2V, o hidrogênio verde, já que a energia renovável é muito difícil de ser obtida, em grandes proporções, em países do hemisfério norte com os invernos rigorosos e nevados que os caracterizam. No Nordeste, detemos a melhor tecnologia e as melhores condições naturais para produzir grandes quantidades de energia eólica e solar, tanto on-shore quanto off-shore, e assim ninguém seria melhor do que nós. Isso é reconhecido, mundialmente, por todos as instituições que estudam o assunto.
O estado do Ceará, reconhecidamente, está mais avançado do que todos os outros da região no domínio dessa tecnologia, e possui um atlas eólico e solar muito avançado, tecnologicamente obtido com dados medidos em todo o território cearense, ao ponto de que, em uma casa isolada, se você quiser instalar painéis solares para baixar o valor de sua conta de energia, o mapa te informa quanta energia você pode produzir nesse local. É fantastico. E essa informação está disponível para qualquer lugar do território cearense. Bem, mas nada impede que todos os outros estados da região, que possuem basicamente as mesmas características e vantagens, também atinjam o seu máximo.
Mas e se nos juntássemos em um bloco só, agindo em conjunto como os maiores fornecedores mundiais de hidrogênio verde e amônia verde? E atuássemos em conjunto, negociando e vendendo as enormes quantidades de energia que o mundo precisa? Ora, amigos, é evidente que teríamos encontrado finalmente o suporte que até hoje não temos para tornar a região rica e desenvolvida, com uma grande diferença, produzindo milhões de empregos envolvidos em todas essas atividades. Finalmente, sairíamos da pobreza e da discriminação com que somos tratados pelos governos centrais, que são formados no Sudeste e para lá levam toda a sua atenção, nos sobrando apenas o Bolsa Família.
Finalmente, podemos mudar isso.
Encontros proveitosos – Essa ideia foi o mote principal de uma das mais proveitosas viagens de trabalho que participei. A viagem foi organizada pela Fiema, com participação do Estado e do Porto do Itaqui. Comandada pelo presidente da Fiema, Edilson Baldez, que contou com Fernando Renner, vice-presidente, em Fortaleza; com Ted Lago, presidente da Emap, que esteve em Salvador e em Natal (e teve que ir para São Paulo assinar contratos com empresas que vão fazer grandes investimentos no Itaqui) e com Luis Fernando Silva, secretário de Assuntos Estratégicos do Estado e por mim, diretor institucional do Itaqui. Baldez, Luis Fernando e eu participamos de toda a viagem. Em todos os locais, tivemos apoio total das Federações de Indústria, que possuem intensa colaboração entre si e uma amizade entre os presidentes que facilita tudo. Visitamos, em Salvador, a escola tecnológica de última geração do Senai Cimatec, avançadíssima, muito além do que poderíamos encontrar no Nordeste. Em Natal, visitamos uma escola tecnológica e de inovação do Senai, muito boa, e em Fortaleza, vimos em detalhes o que estão fazendo para produzir o hidrogênio verde, conhecemos o Observatório da Indústria, o Porto do Pecém e a ZPE, onde tivemos uma palestra do CEO DA Siderúrgica do Pecém.
De tudo isso falarei, com detalhes, em próximos artigos. Mas o que dominou nossas conversas foi a ideia, que levamos, de formar a nossa OPEP, como já descrevi. E foi maravilhoso o entusiasmo de todos com a ideia. Formaremos uma entidade privada, com a participação dos governadores dos estados membros do Nordeste, garantindo o êxito de tudo no grande protagonismo que têm as Federações de Indústria de todos os estados, que congregarão os empresários do setor, nacionais e internacionais, em um modelo parecido com o Consórcio Nordeste, já testado, em que os presidentes possuem mandatos definidos e haverá um rodízio entre os componentes.
Quando tivemos uma audiência com meu amigo, de longas datas, o secretário do Desenvolvimento do Ceará, Maia Neto, e falamos da ideia, ele quase pula da cadeira e se entusiasmou, imediatamente, com essa perspectiva. Ele e Luis Fernando ficaram com a responsabilidade de construir os atos necessários a formalização desse grupo institucional.
Depois de ouvir os dirigentes do Pecém e também das Federações de Indústrias desses três estados, resolvemos incluir um estudo de logística de transportes para toda a região, identificando os pontos geradores de cargas, as ferrovias para os portos compatíveis, criando grandes e eficientes corredores modernos e eficientes de transporte.
Já que o governo central não faz, faremos nós.
Artigo escrito por José Reinaldo Tavares.
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