domingo, fevereiro 03, 2019

A gratidão é a virtude mais sublime da alma e dizem que é o único tesouro dos humildes.


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Deixei para republicar neste domingo, (03 de fevereiro) este artigo de Dr. Magno, Ícone da comunicação maranhense, por se tratar de algo muito especial para meu currículo de vida.

Ser tema dos escritos de Dr. Magno Bacelar é algo histórico e que muito, mas muito mesmo me honrou.

O prazer e contentamento que irão comigo pra posteridade, gerado por tudo isso é pela generosidade que este ilustre coelhonetense tem sempre para comigo, pois não merece tanta homenagem.

As palavras não descrevem meu sentimento de gratidão, mas digo: obrigado Dr. Magno muito obrigado.
  
Na íntegra o texto de Dr. Magno Bacelar.

EZEQUIAS MARTINS. Por Dr. Magno Bacelar. 
Aos nove anos de idade (1947), sai de Coelho Neto, pela primeira vez em busca de conhecimentos. Pajeados por Isidoro, partimos do ITAPIREMA, às cinco horas de uma manhã chuvosa de março tendo como destino inicial a cidade de Caxias. Da caravana faziam parte José, Luís, Bernardo e Magno que, montados em cavalos e burros, fariam o percurso de 97km em dois dias. Com pernoite em Serra Negra alcançaríamos nosso destino ao final da tarde do segundo dia. Chegando à terra de Gonçalves Dias nos hospedaríamos na pensão da Benedita, às margens da estrada de ferro e próximo à estação do trem que nos conduziria ao ponto final desejado que era a capital maranhense.

Seria injusto e despropósito omitir as delícias e encantos desta viagem-aventura antes protagonizada inúmeras vezes pelos irmãos mais velhos. (Ida em março, para o início das aulas e retorno em dezembro para as férias) O banho nos riachos, o frito acomodado em latas, os pernoites na casa de conhecidos e amigos do Duque, a pensão da Benedita parada obrigatória às margens da Estrada de Ferro. A figura do homem muito forte de Isidoro, anjo da guarda das crianças e animais a cuidar dos arreios e alimentação com lealdade e dedicação , em que se mesclavam as figuras de pai e mãe.
Depois de longa estrada percorrida, de muitas batalhas, derrotas e vitórias, já aos 65 anos, volto a Coelho Neto com pretensões de me fixar e residir até o final da vida. No decorrer das obras de reforma e adaptação da casa, fiz muitas viagens a São Luís. Numa delas dei carona a um jovem repórter que levava consigo material para veiculação em matutinos da capital. Seria uma companhia já que viajava sempre só e, eu próprio, dirigia o veículo. Poucas pessoas me conheciam pessoalmente, embora filho da terra e seu representante no Congresso por tanto tempo pouco permaneci na cidade no decorrer daqueles 56 anos. Eu conhecia o Baiô e D. Maria mas o filho deles, embora com o faro privilegiado de repórter, pouco sabia de mim. Perguntas e respostas se seguiram enquanto os quilômetros passavam. Ezequias emoldurava o retrato do político amadurecido e experiente enquanto eu avaliava o potencial do meu interlocutor. Rememorei a minha primeira viagem e as oportunidades que a vida me oferecera e conclui que o jovem conterrâneo merecia e haveria de ter sua oportunidade. Acreditei e apostei minhas fichas no seu futuro. 
Alguns dias depois voltamos a nos encontrar e, menos formais, continuamos as conversas. O repórter ávido por descobrir mais, eu, reconhecendo o seu potencial, buscando conhecimentos que me ajudassem a recuperar o tempo perdido pela longa ausência. Num outro momento colhi algumas informações sobre o panorama político. Se apercebendo das minhas intenções o jornalista me delineou, com isenção, obstáculos a transpor ressaltando apoiamentos que eu não conseguiria. Impressionado com a sensibilidade e argúcia do jornalista, sem vícios e saturado de idealismo, percebi a importância de conquistar a sua amizade. Combinamos uma visita ao cafundó. Debaixo de uma mangueira secular e naquele terreiro, não encontrei apenas os pais, tios, irmãos e amigo de Ezequias, mergulhei num ambiente familiar saudável deparei comigo mesmo no Coelho Neto da minha infância. O bucolismo do entardecer no campo, o martelar do ferreiro na quebrada do morro distante. Encantado com tudo aquilo, assisti apresentações artísticas de cada parente ou amigo. Um sarau maravilhoso que me transportou ao tempo do Duque, quando filhos tomavam a benção aos pais e aos mais velhos, época em que respeitava-se às mulheres e um fio de bigode valia mais que documento lavrado em cartório com testemunhas e firma reconhecida. 
Um infarto privou-me do tão sonhado convívio com os conterrâneos. Hoje, à distância, aplaudo o empenho deste trabalhador incansável por um jornalismo ético e responsável. Já pontificou na mídia moderna, ocupou espaço e respeito dos confrades maranhenses. A batalha diária, pela própria sobrevivência e sustento digno da família ainda não lhe permitiu voos mais longos, mas a tenacidade e competência ainda lhe abrirão portas e oportunidades para projetar, bem alto, o nome de Coelho Neto. É escrever e aguardar testemunharemos, com orgulho, a potencialidade que Ezequias herdou daquela valorosa gente do CAFUNDÓ.





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