A condenação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em um dos processos da operação Lava Jato, repercutiu nesta quinta-feira (30) entre deputados. Um dos aliados do peemedebista afirmou que há “injustiça” na rapidez da condenação e que a expedição da sentença no dia em que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela decisão, visita a Câmara é “para causar impacto”.
Opositores do deputado cassado, por outro lado, temem uma reação do Congresso, com a possível aprovação de medidas para dificultar investigações ou proteger parlamentares envolvidos em esquemas de corrupção.
Nesta quinta, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, condenou Cunha a 15 anos e 4 meses de reclusão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Esta é a primeira condenação dele na Lava Jato.
Um dos aliados de Cunha, que atuou no Conselho de Ética da Câmara em 2015 e 2016 para que o mandato do então deputado não fosse cassado, Carlos Marun (PMDB-MS) acredita que houve uma “estranha” inversão na ordem dos julgamentos da Lava Jato.
“Considero injusto o fato do Eduardo ser o primeiro parlamentar com mandato à época da divulgação da primeira lista do Janot a estar sendo condenado. Nesse processo, existem mais protagonistas”, disse. “Continuo considerando que, mesmo que tenha sido parte (desse esquema), ele não é um dos comandantes do ‘petrolão’”, completou.
Marun disse que não vai avaliar o mérito da condenação antes de analisar o conteúdo da decisão do juiz. Para ele, o fato de a sentença ter sido expedida no mesmo dia em que Moro estará nas dependências da Câmara pode ser uma “coincidência, ou não”.
“Em todo esse processo, sempre houve várias coincidências. Decisões antes de manifestações de rua, coisas desse tipo. Talvez seja somente mais uma coincidência, talvez não”, disse.
Na tarde desta quinta, Moro participa de audiência pública na Câmara sobre o Código Penal. Para outro aliado de Cunha, deputado Paulinho da Força (SD-SP), o momento escolhido para a decisão parece ter sido para causar impacto. “Às vezes eles jogam para a plateia”, disse.
Sobre a condenação, Paulinho afirmou que tinha uma relação de amizade com Cunha, mas não tomou conhecimento do caso específico. Para ele, o Brasil tem uma dívida com o deputado cassado.
“Minha relação com ele era política e de amizade. Mas acho que o Brasil tem uma dívida com ele, porque se ele não estivesse coordenando o processo de impeachment, estaríamos até hoje com a Dilma no poder. Continuo tendo muito carinho por ele”, disse.
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