Lázaro
Albuquerque Matos
Das antigas
escolas isoladas vieram, com a proclamação da Republica, os grupos escolares
como centro de ensinamento público. Era em um grupo escolar aqui e outro ali
que as crianças começavam os estudos. Foi no Estado de São Paulo onde os
primeiros grupos escolares surgiram.
Aos sete anos, uma criança entrava logo no Primário. E era em um grupo escolar
que isso acontecia. O material escolar exigido: um ABC, uma tabuada, um lápis e
uma borracha; tempo depois, uma cartilha. Nada de uma enxurrada de material escolar.
Não havia o balabubaco e os penduricalhos de hoje, que nada contribuem para a
boa aprendizagem. Os grupos escolares eram fonte de sabedoria. Sabedoria mesmo,
sem a camuflagem pedagógica. Deixando um grupo escolar com cinco anos de
estudo, o estudante tinha uma boa base de aprendizado.
O lúdico escolar dos grupos de antigamente era uma sabatina de matemática.
Ludicamente, uma palmatória ficava na mão do aluno que perguntava a outro o
resultado uma multiplicação de 7 x 2, de uma divisão de 14: 7, de uma adição de
7 +7 e de uma diminuição de 14 – 7. Não faltava o noves sora na sabatina. Era a
prova dos noves do aluno. A professora não usava o instrumento lúdico, mas,
sim, o colega sabatinador que fazia a pergunta: ele metia a palmatória na mão
de quem não acertasse. Ditado de palavras era outra forma de sabatina no ensino
da escrita. Tinha o mesmo método lúdico: palmatória não mão de quem não
escrevesse corretamente a palavra ditada.
Duque Bacelar tinha o seu grupo escolar: o Dr. Paulo Ramos, que funcionava em
um pequeno prédio com duas salas de aula e um grande salão entre elas, onde
hoje é o CRAS. Foi no Grupo Escolar Dr. Paulo Ramos, ainda no antigo prédio,
que comecei a estudar, passando pelo método das sabatinas.
O prefeito Pedro Oliveira, de boa recordação administrativa para Duque Bacelar,
construiu um potente prédio para o Grupo Escolar Dr. Paulo Ramos. No lugar do
antigo, ainda na gestão do prefeito Pedro Oliveira, foi construído um bom e
bonito teatro para abrigar a cultura de Duque Bacelar. Mas infelizmente, por
falta de bom gosto pela cultura, os administradores seguintes não zelaram a
função primeira do teatro: a cultural.
A carência de professoras filhas Duque Bacelar, na época, fez com que a cidade
de Caxias fosse um celeiro de normalista para o Grupo Escolar Dr. Paulo Ramos.
De lá vieram muitas professoras: Narzinha, Gardi, Geny Pereira e suas irmãs
Osmarina e Rosarinha. Conceição Araújo Matos (Conceição do Eurico), mesmo sendo
de Duque Bacelar, foi formada em Caxias.
O que não se entende – e é mesmo de difícil entendimento – é o porquê da atual
metodologia do ensino público não suportar mais os tradicionais grupos
escolares. Os termos grupo escolar, ou unidade de ensino são de escolas
publicas. Essa nomenclatura só existe no ensino público. No privado, o termo
usado é colégio. Eliminada a palavra grupo, vieram, então, as unidades de
ensino. Que mal um grupo escolar fazia à aprendizagem moderna?
Nenhum mal fazia o nome de Grupo Escolar Dr. Paulo Ramos à cidade de Duque
Bacelar. Pais, alunos, funcionários, muito menos os professores, se incomodavam
com isso. A palavra grupo significa um colegiado formado por mais de uma
pessoa, o que caracteriza uma escola. Já unidade nos remete a coisa única, o
que não combina com ensino. A tradição de grupo escolar já era uma forma
cultural de se dizer onde se começava os estudos. Jardim de infância não
existia.
A mudança de grupo escolar para unidade de ensino nada fez para que o ensino
dessas unidades fosse mais qualificado do que o dos antigos grupos. Talvez
tenha até piorado, pois com a mudança, modificaram, também, muita coisa na
criatividade dos professores, limitando-os a seguirem métodos estabelecidos
nessas unidades.
O Grupo Escolar Dr. Paulo Ramos de Duque Bacelar é uma boa referência de ensino
para muitos bacelarenses que estão se destacando profissionalmente nesse Brasil
afora. Eles lembram-se, com saudade, do Hino Nacional cantado diariamente antes
das aulas. Lembram, também, da Av. Coronel Rosalino transformada num bonito
azul e branco da farda dos estudantes do Paulo Ramos, às onze horas, quando
juntos, todos saiam do nosso grupo escolar.
É por isso é que eu digo hoje tirando o sabor amargo da mudança: Como era doce
o meu Grupo Escolar!
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