MORREU UM POETA QUE SUAS OBRAS FICARÃO IMORTALIZADAS...
Somente tivesse posto versos em 1975 na melodia d’O
trenzinho do caipira, tema composto em 1930 por Heitor Villa-Lobos (1887 –
1959), o poeta maranhense Ferreira Gullar (10 de setembro de 1930 – 4 de
dezembro de 2016) já teria o nome inscrito com honra na história da música
brasileira. Desde que foi gravado em 1978 pelo cantor e compositor carioca Edu
Lobo, O trenzinho do caipira nunca mais parou de girar por
grandes vozes da música brasileira, podendo ser ouvido atualmente na abertura
da novela A lei do amor em gravação de Ney Matogrosso.
Desde então, a obra musical de Gullar – poeta que saiu hoje
de cena aos 86 anos, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) – se tornou extensa e
relevante. Mas o fato é que as palavras do poeta já vinham sendo cantadas por
ícones da MPB desde a década de 1960. Caetano Veloso foi especialmente
inspirado ao musicar os versos do poema Onde andarás? em
canção lançada em 1968 na voz do próprio Caetano e regravada por cantores como
Maria Bethânia e Marisa Monte ao longo dos anos. Onde andarás? foi
o primeiro sucesso musical de Gullar.
Em 1979, Gullar abriu parceria com Milton Nascimento em Bela
bela, música que somente ganharia a voz de Milton em 1981. A parceria
renderia títulos como Meu veneno(1990). Com o cantor e compositor
cearanse Raimundo Fagner, a conexão de Gullar foi especialmente forte. Fagner
musicou o poema Traduzir-se e batizou álbum de 1981 com o nome
da composição. Em 1984, a parceria – bisada em 1983 com a música Contigo –
rendeu o sucesso Me leve (Cantiga para não morrer). Uma década
depois, quando já tinha posto a obra para caminhar em trilho mais popular,
Fagner recorreu a Gullar para fazer a versão de Borbujas de amor,
sucesso do cantor dominicano Juan Luis Guerra. Borbulhas de amor foi
uma das músicas de maior sucesso em 1991 e de toda a carreira de Fagner.
Mais recentemente, as conexões de Gullar com Adriana
Calcanhotto, compositora gaúcha ligada às artes plásticas e à arte da escrita,
gerou músicas como Definição da moça, lançada pela cantora Simone
em disco de 2009. Gullar também foi parceiro bissexto de Paulinho da Viola (Solução
de vida, 1996) e Sueli Costa (Escuta moça, 1984). Parte do Brasil
pode até nem saber, mas cantou muito os versos eternos do poeta Ferreira
Gullar.
(Crédito da imagem: reprodução da GloboNews matéria blog do
do Luís Cardoso )
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