terça-feira, julho 10, 2018

COISINHA DE DUQUE E DA POLÍTICA VOTO-BABAÇU.


Por Lázaro Albuquerque. 
Antes de o Heloizo (100%) ser eleger vereador de Duque Bacelar, em 2016, ele disputou sete eleições. O pai dele, Antônio Romão, disputou uma, em 1982, também para vereador.

A campanha já bem adiantada, e Antônio Romão em casa, sem se movimentar para se eleger. Percebendo isso, Zé Aguiar e Raimundo Leônidas, que também eram candidatos a vereador, foram à casa do amigo e compadre dos dois, Antônio Romão, para saber porque ele não estava fazendo campanha.

Zé Aguiar vai direto ao assunto e pergunta ao compadre Antônio: 
– Compadre Antônio, que negócio é esse, você não quer se eleger? 
– Por que, compadre Zé? Quero sim! 
– Não parece, compadre, ainda não lhe vi em campanha! 
– Compadre Zé, eu não preciso fazer campanha. Elejo-me aqui na “quitanda”. 
– Como assim, compadre Antônio? 
– Compadre Zé, voto pra mim, aqui na quitanda, é como babaçu na balança: estou só pesando e armazenado, para conferir depois da eleição. 
– Compadre Antônio, cuidado, preste atenção!
Raimundo Leônidas, todo sabido, todo letrado, de olhos nos votos do Tabuleiro, completa: 

– É mesmo, compadre Antônio, esqueça o interior! Peça seus votos aqui mesmo na sua quitanda. Tudo vai dar certo. É eleição garantida!

Na época, um vereador em Duque Bacelar se elegia até com 40 votos. Cada eleitor atendido por Antônio Romão, com dinheiro ou mercadoria da quitanda, em troca do voto, tinha o nome anotado em um caderno, como se fosse um quilo de babaçu depositado no armazém. 

Um dia antes da eleição, a campanha já encerrada, Antônio Romão reúne a família para o balanço dos votos-babaçu. O candidato mostra para esposa e filhos o caderno com o nome de 180 eleitores atendidos e anotados como votos certos. A eleição estava, portanto, garantida para Antônio Romão, sem erro de cálculo e de peso.

Eleição passada, votos apurados. Os de Antônio Romão pesavam menos do que 10 quilos de babaçu.
 
Zé Aguiar e Raimundo Leônidas foram eleitos. Para Antônio Romão, só restou o lamento, dizendo assim:

“Voto na urna quebra mais do que babaçu no armazém”.
E passou a política para o filho Heloizo que viu também muitos votos quebrados nas sete eleições que disputou, antes de se eleger.


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