quinta-feira, setembro 21, 2017

O filme AI QUE VIDA do jovem Cícero Filho de Poção de Pedras completa 10 anos nesse mês de setembro



Cineasta Cícero Filho

Veja o que o jovem talentoso de Poção de Pedras, cineasta Cícero Filho escreveu em seu facebook:

“Relembrar é viver”, essa frase faz todo sentindo quando penso no meu filme “AI QUE VIDA”, que este mês de SETEMBRO completa dez anos de lançamento.

A ARTE nos proporciona muitos momentos marcantes, e no árduo ofício de produzir cinema não é diferente. Há dez anos atrás, eu e um grupo de amigos, muitos deles amadores, decidimos embarcar numa louca empreitada, fazer cinema no Piauí e Maranhão. 

O roteiro? AI QUE VIDA! Quanto em caixa para realizar a produção? Apenas o meu salário de estagiário, que na época não passava de setecentos reais. Eu não tinha noção do que estava prestes a enfrentar tão pouco das consequências. Lembro-me como se fosse hoje do diálogo com minha querida amiga Irisceli Queiroz, que no longa deu vida a Charlene. “Tenho aqui um roteiro em disquete. Queria que você lesse, é engraçado e bem nordestino. As falas são cheias de expressões da gente, e se gostar, poderíamos gravar.”, entreguei o disquete para Irisceli, logo leu o roteiro, gostou, mas deixou claro do quanto difícil seria transformar aquele roteiro em realidade, daí falei “Olha, ano passado realizamos ENTRE O AMOR E A RAZÃO, e todos falavam que não conseguiríamos, então acredito que este não será diferente. Embarca nessa?”, perguntei, ela prontamente, como companheira de muitas batalhas disse ”SIM”, suas palavras foram como combustível para a minha vontade de realizar mas um filme. 



Reuni mais pessoas, apresentei-lhes o roteiro, fui formando alianças a favor da ideia, conseguindo apoios, convenci minha chefe, na época Ana Kelma Gallas a ceder as câmeras da Faculdade Santo Agostinho, e achava que tudo estava resolvido, mas não foi bem assim, pois em cinema nada é a curto prazo. Cinema é um quebra-cabeças complexo, cheio de peças que nem sempre se encaixam. As dificuldades aumentaram, se tornando constantes, mas todas elas enfrentadas e vencidas. Eram dificuldades que iam desde conseguir equipamentos como câmera, microfone, criar eu mesmo minhas luminárias, até mesmo passagens para translado dos atores, das noites em claro decupando fitas (Mini-DV) e editando com o meu parceiro David Marinho... 



Aprendi que a vida é feita de escolhas, e no momento em fazer ou não fazer o filme eu segui meu coração, optei em tirar do roteiro os personagens e situações. Fui firme em minhas decisões, contrariei a minha situação financeira desfavorável e os conselhos dos amigos de que fazer cinema no Piauí e Maranhão era loucura, impossível. Vivi cada etapa com a certeza de que as dificuldades na PRÉ-PRODUÇÃO, PRODUÇÃO e PÓS-PRODUÇÃO passariam, e de certa forma passaram, pois o tempo passa, nos deixando apenas os momentos e os sentimentos. Surpreendentemente, AI QUE VIDA ganhou o mundo desde o lançamento, segue a margem da indústria cinematográfica implacável e cruel, adentrou nos lares e coração das pessoas, pessoas essas que se identificaram com o enredo abordado, que sentiram as emoções dos personagens.



Após anos sem assistir ao filme, nessa manhã sentei-me na frente da TV, liguei o aparelho de DVD e coloquei a mídia para rodar. Vi o filme com distanciamento crítico, com o olhar de expectador, e confesso que chorei, ri e me senti perturbado com as cenas retratadas naquele filme, e que de certa forma não está distante de nossa realidade. Atualmente, o país vive mergulhado em escândalos políticos, crise moral e ética. Prefiro acreditar que num futuro positivo. Esperança é fundamental nessas horas, aonde tudo parece sem solução. O novo virá, e o amanhã a Deus pertence.



OBRIGADO meu bom DEUS pelas ricas oportunidades, pelos amigos que juntos formaram a corrente positiva, pelos poucos patrocinadores que incentivaram o tal Cicero Filho de Poção de Pedras, pela família por apoiar na hora em que ninguém mais apoiava e por mim mesmo, por ser determinado e não desistir no meio do caminho.



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