A guerra do
tráfico entre integrantes da mesma facção (ADA, Amigos dos Amigos),
desencadeada desde domingo (17) na Rocinha, no Rio – maior favela da América do
Sul – tem como pivô uma maranhense de 33 anos, Danúbia de Souza Rangel, mulher
do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o “Nem da Rocinha”, preso na
Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.
Danúbia,
natural de Peri Mirim (a 337 km de São Luís, na Baixada Maranhense), que
gostava de ser chamada de “Xerifa da Rocinha”, está foragida da polícia, mas
atuava a mando de “Nem” para que o traficante mantivesse o controle do tráfico
de drogas da Rocinha. Porém, Danúbia foi proibida de entrar no morro por outro
traficante da ADA, Rogério Avelino da Silva, conhecido como “Rogério 157”, que
rompeu com “Nem” porque este resolveu se aliar à facção paulista PCC (Primeiro
Comando da Capital). A aliança não foi aceita por Rogério.
Após o
rompimento, além de expulsar Danúbia e outros homens ligados a “Nem” da favela,
“Rogério 157” mandou executar os três principais “soldados” de “Nem” na
Rocinha: Ítalo de Jesus Campos, o “Perninha”; Robson Silva, conhecido como “Noventa
e nove”; e Wellington Nascimento, o “Vasquinho”. Os três corpos foram
encontrados num Toyota Etios prata, na Estrada da Gávea (um dos acessos à
Rocinha), em agosto passado.
No domingo,
pelo menos 60 traficantes ligados a “Nem” invadiram a Rocinha dispostos a
retomar o controle do tráfico e outras atividades criminosas na favela.
Traficantes do morro de São Carlos, na Região Central do Rio, e da Vila Vintém,
na Zona Oeste – ambas favelas dominadas pela mesma facção criminosa – também
teriam participado da invasão. O bando teria se reunido no São Carlos com
traficantes expulsos da Rocinha por “Rogério 157” e saído em comboio até São
Conrado (onde fica a Rocinha). Já na favela, o grupo teria desembarcado na
autoestrada Lagoa-Barra e roubado carros de moradores para chegar à parte alta.
Os homens de
“Rogério 157” reagiram à invasão e o tiroteio na favela – com a utilização de
armas de grosso calibre, entre elas muitos fuzis e pistolas – deixou ao menos
dois mortos e espalhou o pânico entre os moradores. A polícia (civil e militar)
só interveio na manhã desta segunda (18).
‘XERIFA’
A maranhense
Danúbia de Souza Rangel, mulher do traficante “Nem”, chegou a ser presa, em
agosto de 2014, mas em março de 2016 foi solta e desapareceu, após ser
condenada, no mesmo mês, a 28 anos de prisão, por tráfico, associação ao
tráfico e corrupção ativa.
A “Xerifa da
Rocinha” era temida na comunidade por conta de seu temperamento explosivo e
ciumento. Gostava do apelido “Xerifa”, mas odiava outro, “Viúva negra”, em
alusão ao fato de que já havia sido mulher de dois traficantes mortos: Luiz
Fernando Sales da Silva, o “Mandioca” (morto em 2003 numa troca de tiros com a
PM fluminense), com quem Danúbia teve um filho, e Marcélio de Souza Andrade,
também morto pela polícia. Ambos eram do Complexo da Maré, na Zona Norte do
Rio.
A polícia
acha que a maranhense mudou o visual, a fim de facilitar sua fuga da Rocinha.
Há informações de que ela agora estaria com os cabelos pretos e curtos, e não
loira, como mostram todas as fotos nas nas redes sociais, nas quais ela aparece
ostentando joias de ouro e outros artigos de luxo.
De acordo
com as investigações, Danúbia fugiu da Rocinha com as duas filhas que teve com
“Nem”, Beatriz e Yasmin.
O INFORMANTE
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