segunda-feira, janeiro 31, 2022

Fotógrafo René Robert morre de frio em Paris



HIPOTERMIA GRAVE | A morte aos 84 anos de René Robert, fotógrafo suíço que retratou as grandes estrelas do flamenco contemporâneo, poderia ser uma estatística, mais uma entre as cerca de 500 mortes a cada ano nas ruas das cidades francesas. O que distingue Robert da maioria desses mortos solitários e indefesos é, primeiro, que ele não era um sem-teto. A segunda diferença é que ele era alguém com uma carreira profissional reconhecida e, graças a isso, seus amigos tornaram públicas as circunstâncias em que ele morreu.


No dia 19 de janeiro, uma quarta-feira, pouco depois das 21h, Robert fazia sua habitual caminhada noturna por seu bairro parisiense, o da Place de la République, um dos corações de Paris, quase sempre movimentado. Em frente ao número 89 da Rua Turbigo, ele caiu no chão. O motivo da queda é desconhecido, não se sabe se tropeçou ou sofreu de tontura.


E lá Robert ficou. Em um trecho da calçada entre uma loja de vinhos e uma ótica. Paralisado, caído e à vista dos parisienses que corriam para casa de volta do trabalho, dos transeuntes que iam ou vinham dos restaurantes ou cafés da região, dos turistas.


Horas se passaram. As ruas se esvaziaram. Robert continuou lá. E é fácil imaginar que, para os passantes, ele era mais uma entre tantas pessoas que, em Paris e em tantas cidades dos países ricos do Ocidente, vivem na rua e às vezes não se sabe se estão dormindo ou morrendo.


Às seis da manhã de quinta-feira, dia 20, alguém o viu e chamou os bombeiros. Tarde demais. Nove horas tinham se passado desde a queda. A ambulância chegou. Quando René Robert, o retratista de Camarón de la Isla e Paco de Lucía, entre outros, foi internado no hospital de Cochin, não era mais possível reanimá-lo. A causa da morte foi "hipotermia grave", de acordo com os bombeiros. Isto é, ele morreu de frio.


JORNAL O GLOBO. 

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