A identidade
dos seis brasileiros encontrados
mortos em um apartamento em Santiago, no Chile, nesta quarta-feira (22),
foi informada por uma parente da família nesta quinta-feira. Cinco das vítimas
eram catarinenses e uma, goiana. A polícia ainda não confirmou oficialmente os
nomes.
Bombeiros
chilenos suspeitam que um vazamento de gás tenha causado as mortes. O prédio,
que fica no Centro da capital chilena, foi esvaziado durante as operações.
De acordo
com a Polícia Civil de Santa Catarina, a família estava em Santiago para
comemorar o aniversário de um dos filhos, Caroline Nascimento de Souza, que
completaria 15 anos na sexta-feira. Uma das vítimas também estava de férias.
Vítimas
Um casal e
os dois filhos adolescentes moravam no Balneário de São Miguel em Biguaçu,
na Grande Florianópolis. O governo do estado publicou uma nota de pesar e a
prefeitura decretou luto oficial por três dias. O segundo casal, formado pelo
irmão e a cunhada da mãe da primeira família, residia em Hortolândia,
no interior de São Paulo, desde 2016.
- Fabiano de Souza, 41 anos (Pai
dos adolescentes e marido de Débora. Ele trabalhava como pedreiro e
pescador)
- Débora Muniz Nascimento de
Souza, 38 anos (Mãe dos adolescentes e mulher de Fabiano. Ela trabalhava
em uma creche no bairro Estreito, em Florianópolis)
- Karoliny Nascimento de Souza, 14 anos (Filha de Fabiano e Débora. Ela completaria 15 anos nesta semana e estudava no 1º ano do ensino médio, em Florianópolis)
- Felipe Nascimento de Souza, 13
anos (Filho de Fabiano e Débora. Ele estudava no 9º ano do ensino
fundamental, em Biguaçu)
- Jonathas Nascimento, 30 anos
(Catarinense, irmão de Débora e marido de Adriane, que residia em
Hortolândia. Ele era chefe do Departamento Pessoal do Instituto Adventista
de Tecnologia e estava de férias)
- Adriane Kruger (Goiana, mulher
de Jonathas e morava em Hortolândia)
As primeiras
informações foram repassadas por Noemi Fortunato Nascimento, prima de Jonathas
e Débora. Ela também disse que parte da família de Santa Catarina busca doação
de recursos para a viagem.
"O
irmão da Drica [Adriane Kruger] está indo hoje para lá. Por enquanto, ainda não
sabemos como será o translado, estamos aguardando por mais informações",
explica a prima.
Ainda de
acordo com a prima Noemi, a família também está recebendo informações do caso
por meio de amigos de trabalho de Jonathas, que moram em São Paulo e estão em
contato com a polícia chilena.
Mãe de
vítimas morreu horas antes
Pouco antes
da morte da família, a mãe de duas das vítimas morreu em Santa Catarina.
Parentes que estavam no Brasil chegaram
a comunicá-los por telefone sobre a morte dela, mas perdeu o
contato com o grupo logo em seguida.
Iete Isabel
Muniz Nascimento morreu de câncer, segundo o Instituto Médico Legal (IML). Ela
foi velada e cremada nesta manhã em Palhoça,
na Grande Florianópolis.
O advogado
da família catarinense, Mirivaldo Aquino de Campos, também
confirmou a identidade das vítimas. "Vamos primeiro enterrar a mãe
depois vamos ver o que fazer", disse o advogado da família catarinense.
Segundo o
Itamaraty, um diplomata do Consulado do Brasil em Santiago foi alertado por um
delegado brasileiro do incidente com a família. O delegado teria sido avisado
no Brasil por parentes das vítimas. A imprensa chilena informou que o diplomata
foi o responsável por acionar a polícia.
O comandante
da polícia chilena, Rodrigo Soto, disse ao jornal "El Mercurio" que
os policiais encontraram um forte cheiro do gás quando entraram no apartamento.
Bombeiros ainda fazem perícia para comprovar o vazamento. Eles trabalham com 3
hipóteses: pode ter vazado do aquecedor de água, do aquecedor geral ou do gás
de cozinha.
O edifício
onde ocorreram as mortes fica na esquina das ruas Santo Domingo e Mosqueto, na
região conhecida como Bellas Artes, Centro de Santiago. As autoridades ainda
não sabem o que causou o vazamento, nem por quanto tempo as vítimas respiraram
o gás.
Ao todo, 25
bombeiros chilenos participaram da ocorrência e o prédio foi todo evacuado
durante o atendimento. Pelas condições que foram encontrados os corpos, se
presume que a intoxicação aconteceu muito tempo antes informou o comandante do
Corpo de Bombeiros de Santiago, Diego Velasquez.
A família
estava no apartamento desde domingo (19) alugado pela Airbnb. “Estamos
profundamente consternados com este trágico incidente. Nós nos solidarizamos
com os familiares e estamos em contato para prestar todo apoio necessário aos
familiares neste momento difícil. A segurança de nossa comunidade de viajantes
e anfitriões é a nossa total prioridade”, informou por meio de nota. A
companhia também informou que está em contato com a família para providenciar o
translado dos corpos para o Brasil.
Daniel Souza,
que é irmão de Fabiano, chegou a tentar ligar, mas não conseguiu contato. “Era
um baita de um irmão. Não desejo nem para um inimigo. Uma tristeza muito
grande, perder a família toda não é fácil. A última vez que falei pessoalmente
com ele foi no dia que levei no aeroporto, depois pelo Whatsapp. Estava
mandando fotos da viagem. Ontem eu tentei ligar para ele e não consegui.
Tocava, mas não atendia”, disse.
Uma amiga
das vítimas e fotógrafa Amanda Silva Rosa também contou sobre o momento em que
Débora entrou em contato com a família na Grande Florianópolis. “A Débora
entrou em contato com a família e foi a última a falecer. Mas ela viu todos
morrerem. Ela achou que eles estavam tendo uma crise convulsiva. O pequeno de
13 anos, ele estava totalmente roxo. Ele conseguiu mandar foto do marido. Mas,
a gente deletou porque foi muito forte”, disse a amiga.
Um guia de
turismo chileno, Marcelo Midolo, que trabalha com turistas do Sul do Brasil,
mas que não prestou serviço para esta família, enviou um áudio para a NSC
TV. Ele explicou que uma agência de turismo brasileira o procurou para que
ele ajudasse encontrar o grupo que estava passando mal, em Santiago.
"Eu
tentei ajudar, estava trabalhando, voltando de Viña del Mar e Valparaíso.
Avisei a polícia chilena para que investigasse, para saber o que estava
acontecendo. Ao chegar lá os bombeiros já estavam no local e perceberam que
todos já haviam falecido. [...] É muito lamentável, eu trabalho com muitos
brasileiros e tenho muitos amigos brasileiros, é lamentável tudo que aconteceu,
e para todo o turismo chileno o que aconteceu é lamentável, lamentamos muito. Mas
tentamos ajudar o máximo possível", disse.
Luto
O governo do
estado divulgou uma nota de pesar e informou que se solidariza com familiares e
amigos. Além disso, disse que acompanha a investigação das circunstâncias das
mortes pelas autoridades chilenas.
A Prefeitura
de Biguaçu também também prestou solidariedade e decretou luto oficial por três
dias. "A Prefeitura de Biguaçu está, neste momento, em contato com
autoridades estaduais e federais para tratar de questões como o traslado dos
corpos e local para realização do velório coletivo", informou.
O Instituto
Adventista de Tecnologia (IATec), por meio de nota, lamentou profundamente a
morte do funcionário Jonathas. Ele era chefe do Departamento Pessoal e
trabalhava na entidade há 3 anos e meio. "O IATec acompanha as informações
e desdobramentos do assunto por meio das autoridades do Chile. [...] O
colaborador estava em período de férias. [...] O IATec está oferecendo todo
apoio aos familiares neste momento difícil e de profundo pesar".
A Secretaria
de Estado da Educação (SED), onde os adolescentes estudavam lamentou as mortes.
Karoliny cursava o 1º ano do Ensino Médio na Escola de Educação Básica Aderbal
Ramos da Silva, em Florianópolis, e Felipe era aluno do 9º ano do Ensino
Fundamental na Escola de Educação Básica Professor José Brasílicio, em Biguaçu.
A Escola de
Educação Básica Professor José Basílico (EEB), que fica no Centro de Biguaçu,
na Grande Florianópolis, lamentou a morte dos irmãos pelas redes sociais.
Karoliny havia concluído os estudos na unidade de ensino no ano passado e
Felipe se formaria este ano na unidade de ensino. A diretora da escola,
Grasiela Monteiro Epping, que também é professora de inglês, disse que deu aula
para eles desde a creche e que eram alunos excepcionais.
G1
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