sábado, maio 23, 2020

Muita gente se chocou ao ouvir de Bolsonaro e ministros palavras ditas no cinema, novelas, partidas de futebol, reuniões de família e até em letras de músicas


Havia uma grande expectativa nesta sexta-feira (22) com a revelação do conteúdo de um vídeo mantido sob análise do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello que seria a gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual, segundo o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria manifestado interesse de intervir na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Um palavrão diz mais do que mil palavras – Revide - Especial

O que se viu e ouviu quando o tal vídeo passou a ser veiculado foi, na verdade, um festival de palavras desconexas, tiradas de uma reunião sem pauta, onde os participantes demonstram seu caráter informal ao pronunciarem frases quase nunca ditas em reuniões oficiais.


Diante de tudo isso que já foi comentado exaustivamente, as perguntas que ainda não querem calar são sobre as reais intenções da defesa do ex-ministro Moro e do membro da Suprema Corte para trazer isto à tona esse festival de mau gosto. Teria sido vingança por não haver os indícios propagados que incriminariam o presidente e assim deveria-se semear uma nova crise política?

Realmente é tudo tão estranho... e o pior é que a bomba detonada para destruir Bolsonaro, ao que tudo indica, está o fortalecendo mais ainda, pois nela, o que se vê é um presidente defendendo, com palavras rudes, democracia, liberdade de expressão, honestidade, cuidado com os mais pobres etc, mesmo achando, Sua Excelência, que tudo isto pode se resolver, em parte, armando o povo, o que arrepia intelectuais que gostam de mencionar  haver em Cuba um fuzil em cada residência para defender a revolução mas não aceitam isto também nos Estados Unidos, onde o princípio seria o mesmo, muito menos no Brasil, onde só os criminosos podem ter acesso a armas e munições.

Causam surpresa também os comentários de algumas pessoas sobre o nível das palavras, como se isto não fosse comum no Brasil em reuniões fechadas ou em conversas privadas, como os diálogos por telefone dos ex-presidentes Lula e Dilma, em que fica-se sabendo serem os presidentes da Câmara e do Senado "fodidos", a Suprema Corte uma casa rebaixada e para botar ordem nisso só chamando as mulheres de "grelo duro" da militância petista.

Recorda-se ainda que nas primeiras semanas do governo Flávio Dino, lá em janeiro de 2015, quando ainda se vendia a ideia de vingança ao sarneísmo, numa reunião no Convento das Mercês para se definir o que fazer com o acervo ali deixado pelo ex-presidente José Sarney, um dos secretários presentes ao ouvir a sugestão de se criar um memorial às vítimas do regime militar de 1964,  soltou um "puta que pariu" seguido de "uma ideia foda" e a recomendação para se implantar "essa porra". Quanta polidez! Dá até para imaginar o que não sai nas reuniões dessas autoridades cujos conteúdos do povo são escondidos.

Mais surpreendente ainda é ouvir pessoas dizendo que estão com os ouvidos agredidos pelo baixo nível da reunião do presidente e seus ministros, apesar de terem cantado muito e ainda cantarem, bem como terem investido em discos e shows dos Titãs para ouvir "vão se foder porque aqui na face da Terra só tem bicho escroto". E os que sentiam o coração massageado com o romantismo de Cazuza quando dizia "estou com cara de cu lavado"? E quem formou sua ideologia politica de esquerda repetindo a frase de Chico Buarque "joga bosta na Geni"?

Sinceramente, jamais aprovaria uma reunião no nível da revelada pelo vídeo, mas desculpem, nenhum palavrão me surpreendeu por saber esse é o nível da maioria das conversas entre brasileiros em quaisquer lugares. Ou não é assim em partidas de futebol, em encontros de algumas famílias nos fins de semana, nos bate-papos de bar e em outros eventos? Agora se são ofensivas, isto se deve ao ministro Celso de Mello, que se tivesse se chocado também com o baixo nível, jamais deveria compartilhar com o povo brasileiro, ainda mais porque a veiculação está sendo em qualquer horário, estando ou não crianças em frente à TV ou atentas ao que sai no rádio e na internet.

Infelizmente, desde o ano passado, o Brasil não pode ficar uma semana em paz, por isto a pauta da que vai começar já está divulgada. É esperar agora o conteúdo das falas no telefone do presidente, já que o ministro Celso de Mello parece inclinado também a confiscá-lo para periciá-lo e talvez mostrar em que nível se dão os diálogos com familiares, auxiliares e outros chefes de estado.

Enquanto o ministro se movimenta assim, o Bolsonarismo agradece, pois mostra que o presidente continua o mesmo Bozo ou Mito da campanha, portanto vale a pena continuar defendendo-o, e quem quiser um político com punho de seda, palavreado cortês e outros rótulos que escondem práticas que fazem mais mal do que ser um tropeira, a eleição de 2022 está bem ali. E tem muita gente aí refinada: Ciro Gomes, Guilherme Boulos, Lula... além de engomados como João Dória, Luciano Huck, Fernando Haddad...



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