Durante o mês de maio, campanhas alertam para a importância do diagnóstico precoce. Fonoaudióloga referência na área ressalta que recusa e seletividade alimentar podem esconder problemas mais complexos
Comer é uma das primeiras interações sociais do ser humano. Desde os primeiros dias de vida, o momento da alimentação está profundamente ligado ao vínculo com os cuidadores, ao desenvolvimento sensorial e ao bem-estar físico e emocional da criança. No entanto, para muitas famílias, essa etapa se transforma em um grande desafio. Maio é o mês de conscientização sobre os distúrbios alimentares pediátricos, e especialistas alertam para o aumento significativo de casos, especialmente no pós-pandemia.
Segundo informações da fonoaudióloga Dryelle Azevedo, referência no acompanhamento de crianças com distúrbios alimentares, a seletividade alimentar pode se manifestar de diversas formas, desde a recusa persistente dos alimentos até a seletividade extrema, conhecida como neofobia alimentar. "Muitos pais acham que é apenas 'fase', mas quando a criança rejeita grupos inteiros de alimentos, se alimenta com muita restrição ou demonstra ansiedade intensa ao comer, é um sinal de alerta", afirma a especialista.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cerca de 25% das crianças saudáveis apresentam alguma dificuldade alimentar. Esse número sobe para 80% entre crianças neurodivergentes com transtornos do desenvolvimento. “Os distúrbios alimentares na infância são multifatoriais e precisam de uma abordagem interdisciplinar. O fonoaudiólogo, por exemplo, é essencial na avaliação da motricidade orofacial, sensorialidade oral e na reabilitação dos comportamentos alimentares inadequados”, explica Dryelle Azevedo.
Entre os distúrbios mais comuns estão a disfagia infantil (dificuldade para engolir), o transtorno alimentar seletivo (TAS), os distúrbios sensoriais orais e a recusa alimentar crônica. Esses quadros, se não tratados precocemente, podem impactar diretamente o crescimento, a nutrição e até o desenvolvimento cognitivo e social da criança.
É importante reforçar que o ambiente familiar tem um papel central nesse processo. “A maneira como a família se comporta à mesa, as pressões, recompensas e punições relacionadas à comida influenciam diretamente a relação da criança com a alimentação. Nossa missão é orientar, acolher e tratar com empatia, sem culpabilizar os pais”, diz.
A campanha do mês de maio busca justamente ampliar o conhecimento da população sobre o tema, promover o olhar atento de profissionais da saúde e incentivar a busca por ajuda especializada. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de reversão do quadro e de um desenvolvimento saudável.
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