quarta-feira, maio 24, 2023

Genilda Lopes , por Pedro Portela

 


PERSONALIDADES QUITERIENSES


GENILDA SOUSA LOPES


Por Pedro Portela


 Genilda Sousa Lopes, educadora, servidora pública, coordenadora de pastoral e política brasileira , nasceu em Santa Quitéria do Maranhão (Santa Quitéria Velha) no dia 26 de janeiro de 1953. É filha de Pedro Lopes de Jesus (Pedro Santos) e de Isabel Sousa Lopes. Oriunda de uma família numerosa, tem nove irmãos: Edvan, Edson (Dedé), Vicente, Pedro Filho (Pedim), Erivan, Eronilda, Maria Antônia (Toinha), Miguel e Francisco (Chiquim). 

 Iniciou os estudos em sua cidade natal e fez os cursos que eram oferecidos em sua época: alfabetização, primário, ginásio e segundo grau. Fez apenas a educação básica. Pois, sendo de família humilde, não pôde buscar formação superior em outras cidades.

 Iniciou-se no magistério, como professora Leiga, em 1971. Foi alfabetizadora do Movimento Brasileiro de Alfabetização - Mobral. Trabalhou durante um ano na sede do extinto Centro Artístico e Operário Quiteriense e depois foi transferida para o povoado Rodeador, onde permaneceu por três anos. Ao retornar para a sede do município trabalhou no comércio de Ribamar Viana.

 O seu ingresso na política não foi para concorrer a cargo eletivo.

Ela entrou através do convite que recebeu da prefeita Sra. Maria da Conceição Teles de Araújo (mandato de 1977/1982) para ser a Secretária de Administração. 

 O sucessor de Conceição Teles foi Manoel da Silva Costa (Manuca Lopes) que rompeu o ciclo de domínio político dos Pedrosas, exercendo o primeiro mandato de um grupo totalmente opositor a eles. E nomeou Genilda Lopes para o cargo de Secretária de Administração nos mandatos de 1983/1988 e 1993/1996.

 O segundo mandato desse novo grupo político foi exercido pelo Dr. Sebastião de Araújo Moreira (1989/1992). Essa união partidária dominou a política quiteriense por três mandatos, durante quatorze anos. E nesse mesmo período, Genilda trabalhou como Auxiliar de Contabilidade na prefeitura de São Bernardo-MA, na gestão de Coriolano Almeida.

 Genilda Lopes foi apresentada como candidata da situação para concorrer às eleições de 1996. Seria a sucessora de Manuca Lopes. Porém, não obteve êxito nas urnas. O vencedor do pleito foi Osmar de Jesus da Costa Leal (Manin), dissidente do grupo que tomou - de forma democrática - o poder político da Família Pedrosa em 1982.

 Na disputa eleitoral de 01/10/2000 o prefeito Manin Leal concorreu à reeleição. E a oposição tentou projetar um nome de família tradicional para encabeçar a chapa, mas não conseguiu. A população clamou por Genilda Lopes que naquele momento era o nome mais popular. Ela mesma não tinha mais nenhuma pretensão de concorrer a cargo eletivo. Mas diante dos pedidos, principalmente das pessoas mais humildes com quem se identificava melhor, entrou na disputa de novo. Dessa vez contou também com o apoio de alguns figurões da política local, como Manuca Lopes, Dr. Sebastião Moreira, Dr. José Araújo, Dr. Assis Júnior e o Padre Américo, quase todos ex-aliados do prefeito.

 A popularidade de Genilda Lopes deve-se não somente aos cargos que ocupou nos bastidores da administração municipal nos três mandatos em que colaborou como secretária, mas também ao trabalho social que sempre manteve em sua residência dando assistência ao povo simples.

 Quando seus pais se mudaram para o Povoado Lagoa Seca e, alguns anos depois, foram morar na cidade de Aldeias Altas, ela permaneceu em Santa Quitéria, morando com a avó, e continuou dando atenção aos amigos e correligionários que vinham em busca de apoio para tratamento de saúde ou resolver outras questões pessoais. A sua residência sempre serviu de abrigo temporário a eles. 

 Vencer as eleições de 2000, com um grupo grande e forte, não foi muito difícil. Ela estava sem condições financeiras para a disputa, mas os seus apoiadores, através de “vaquinhas”, garantiram a manutenção da campanha. Complicado mesmo foi abrigar tanta gente na administração de uma cidade pequena e com poucos cargos de confiança. E mais dramático ainda foi fazer os acertos com alguns supostos amigos que contribuíram financeiramente. Não houve nenhum controle antes e nem foi organizado um sistema que comprovasse o quanto cada um investiu. As contas apareceram com valores exorbitantes e deixaram a prefeita sem condições de quitá-las.

 A administração de 2001/2004 já iniciou desgastada por conta dessas contas exageradas, sem comprovantes, sendo cobradas por aliados. A prefeita nem precisou de opositores para atrapalhar e denegrir a imagem da sua gestão.

 Genilda Lopes tinha uma longa trajetória auxiliando gestores municipais na administração. E sempre se incomodou com a falta de autonomia dos secretários para ajudar as pessoas mais carentes quando vinham em busca de auxílios emergenciais. Por isso, jurou para si mesma que, se um dia fosse prefeita, daria autonomia financeira aos seus colaboradores para que as pessoas dos povoados não voltassem sem ser atendidas. E assim o fez. E este ato transformou-se no erro crucial da sua administração. Ela pecou gravemente, pagou e continua pagando um preço muito alto demais por ter confiado ingenuamente nos seus auxiliares.

 Quando ela tentou controlar os gastos, foi tarde demais. Já havia um grande desequilíbrio nas finanças da prefeitura. E isso terminou de desgastar a imagem da administração e teve consequências jurídicas muito graves.

 Apesar da deslealdade de alguns da equipe de governo, que limitou bastante as ações da prefeita, ela conseguiu alguns feitos positivos que ainda hoje são motivo de orgulho para ela e para vários conterrâneos. 

 Toda vez que se inicia uma administração os servidores contratados, como de praxe, são exonerados e os cargos são ocupados somente pelos aliados do novo gestor. E para acabar com esse ciclo de instabilidade dos servidores e eliminar o voto de “cabresto”, ela fez um concurso público com transparência. 

 Outras ações no campo da educação merecem destaque: apoio total aos professores que foram graduados pelo Programa de Capacitação de Docentes (PROCARD), pela Universidade Estadual do Maranhão no polo de Brejo; apoio aos estudantes que foram graduados em Matemática pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) no polo de Santa Quitéria-MA; e apoio total às professoras leigas dos povoados que fizeram o ensino médio em São Luís. A hospedagem era numa casa alugada pela prefeitura na capital. E toda a logística (transporte, alimentação...) também era por conta do município. 

 Apesar das decepções da administração, ocasionadas por seu excesso de confiança em algumas pessoas, e mesmo ainda sendo convocada para comparecer aos órgãos fiscalizadores (há quase duas décadas do final do seu mandato) Genilda Lopes sente-se bem com a sua consciência. E fica muito feliz a cada vez que uma pessoa lhe agradece pela efetivação que conseguiu no cargo por conta da formação que recebeu e do concurso público ela realizou.

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