Na ocasião, a Orquestra de Frevo Maestro Duda se apresentou para os foliões saudosos.
“Esse frevo
tão importante de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil é algo que marca a
história das nossas vidas. Notamos a necessidade de estimular novos talentos,
lançar novas músicas e incentivar o compositor”. Assim começou o evento que
anunciou a Comissão Julgadora do Concurso Nordestino do Frevo, da Fundação
Joaquim Nabuco, por meio da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte
(Dimeca), nesta sexta-feira (18). A fala foi do presidente da Fundaj, Antônio
Campos, que ressaltou também as dificuldades dos músicos e profissionais da
cultura durante a pandemia do coronavírus. O concurso contemplará mais de R$ 92
mil em prêmios, em seis categorias.
“O Concurso
Nordestino do Frevo é uma forma de valorizar a cultura brasileira, nordestina e
pernambucana e é também um estímulo à economia criativa, fomentando esses
maravilhosos compositores que temos”, completou Antônio Campos. O evento foi
transmitido pelo canal do YouTube Fundaj Oficial. As inscrições do concurso
seguem até o dia 30 de junho pelo site da Fundaj, no endereço www.fundaj.gov.br, onde o edital está
disponível
Logo no
início da transmissão, o Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, por mensagem
em áudio, reforçou a importância do concurso. “É importantíssima essa
valorização do compositor, que às vezes não tem oportunidade e aqui e agora
está tendo. É o compositor que realmente faz a base, o alicerce, de toda a nossa
música. Contem conosco do Ministério do Turismo”, disse.
A ocasião
foi marcada pela apresentação de parte da Orquestra de Frevo Maestro Duda,
homenageado do concurso e diretor musical do certame, e da Comissão Julgadora,
composta por Edson Silva, Lino Madureira, Renato Phaelante e pelos maestros
Ademir Araújo e Edson Rodrigues. Maestro Duda deu dicas para os artistas que
estão pensando em se inscrever.
Para a
categoria Melhor Frevo de Rua, por exemplo, ele destacou que é importante
evitar composições que demandem a partitura, já que a orquestra não tem essa
estrutura na rua. “Essa iniciativa é louvável, merece todos os aplausos e temos
que continuar porque os compositores estão fazendo suas músicas e não têm onde
divulgar”, completou o regente, compositor, arranjador e instrumentista.
Duas
pesquisadoras do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra) destacaram
como os arquivos que fazem parte do acervo mostram a importância do frevo para
a cultura e identidade do Nordeste e do Brasil. Rita de Cássia Araújo falou
sobre a história do ritmo no estado, que sofreu críticas e perseguição antes de
se popularizar.
Elizabeth
Carneiro sobre o acervo fonográfico da Fundaj, que conta com discos 78 RPM,
LPs, CDs, compactos, partituras, arranjos musicais, fitas de rolo e
fitas-cassete. “O frevo não é somente
patrimônio. Quando falamos em memória, falamos em história e pensamos no
passado. Mas quando falamos no frevo, pensamos no presente e no futuro. O
propósito do concurso é reconhecer os novos talentos”, ressaltou o diretor da
Dimeca, Mario Helio.
Os maestros
Ademir Araújo e Edson Rodrigues, que fazem parte da comissão julgadora,
participaram do evento. Em meio a
desabafos sobre a valorização do ritmo, Ademir Araújo e Edson Rodrigues falaram
sobre a necessidade de se repensar o frevo de rua e elogiaram a ação da Fundaj
em lançar um concurso que revelará novas composições.
Encerrando a
live, a Orquestra de Frevo do Maestro Duda, fundada na década de 60, apresentou
cinco composições: “O segundo concerto de piano de Rachmaninoff”, “Nino
Pernambuquinho” - frevo mais famoso do maestro em homenagem ao seu filho Nino
-, “Lágrima de folião”, “Lucinha do frevo” - em homenagem à filha do maestro -
e “O último dia”. A apresentação foi uma oportunidade para quem estava com
saudades das ladeiras de Olinda e das ruas do Recife em época de carnaval.
Inscrições e
premiações
O edital do
Concurso Nordestino do Frevo deve ser acessado na página da Fundaj. Lá tem
todas as informações sobre as exigências, orientações e etapas de avaliação. Os
candidatos devem preencher um formulário eletrônico e anexar os materiais e
documentações específicas da categoria. Já a entrega dos prêmios acontecerá no
Dia Nacional do Frevo, 14 de setembro, e será acompanhada pela Orquestra de
Frevo Maestro Duda. Dúvidas e informações referentes ao certame podem ser
enviadas para o e-mail concursonordestinodofrevo@fundaj.gov.br. Para se
inscrever, o compositor deve ser residente em um dos nove estados do Nordeste e
apresentar músicas inéditas já com os arranjos. Serão premiados 12 artistas em seis
categorias, com até R$ 10 mil. Uma das categorias é o Hino da Turma da Jaqueira
Segurando o Talo.
Comissão
julgadora e direção musical
Maestro Duda
- Diretor musical do certame
José
Ursicino da Silva, o Maestro Duda, é regente, compositor, arranjador e
instrumentista. Ele já participou da gravação de mais de 100 discos, tendo suas
músicas gravadas também no exterior e, dentre as composições, estão choros e
sambas. O pernambucano é também uma referência para o Conservatório
Pernambucano de Música, onde atuou como professor-arranjador.
O
homenageado do certame começou sua carreira musical cedo: iniciou os estudos de
música aos oito anos e aos dez se tornou integrante da Banda Saboeira. Nesse
mesmo período, escreveu sua primeira composição, o frevo “Furacão”. A
importância do regente é constantemente lembrada: em 1980, recebeu um prêmio de
melhor arranjo de Música Popular Brasileira; em 2011, foi o homenageado do
Carnaval do Recife; e em 2010 foi eleito Patrimônio Vivo do Estado de
Pernambuco.
Maestro Ademir
Araújo - Comissão julgadora
Maestro,
compositor e arranjador. Ademir Souza Araújo nasceu no Recife, em 1942, e é uma
referência da música pernambucana. Conhecido também como Maestro Formiga, ele
foi escolhido como Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2013. O artista participou
da criação da Frevioca com o cantor Claudionor Germano e já fez parcerias com a
Orquestra Popular do Recife, Nação Zumbi e o Grupo Camerata Brasileira, do Rio
Grande do Sul.
Maestro
Edson Rodrigues - Comissão julgadora
Nascido em
29 março de 1942, no bairro de Campo Grande, no Recife, o maestro Edson
Rodrigues é também saxofonista, compositor, jornalista, geógrafo e professor de
música. O pernambucano fundou a Banda Municipal de Recife, referência para o
frevo. Ele assina composições importantes, como "Roda e Avisa", em
parceria com J. Michiles e sucesso na voz de Alceu Valença.
Renato
Phaelante - Comissão julgadora
Renato
Phaelante é um ator, diretor de teatro, radialista, pesquisador fonográfico,
compositor e escritor recifense. Ele foi coordenador da Fonoteca, da Diretoria
de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco durante trinta anos, fazendo
levantamentos das discografias de artistas como Nelson Ferreira, Capiba,
Antonio Maria, Gordurinha e Valdemar de Oliveira. Na música popular brasileira,
compôs obras importantes como “O pavão do carnaval”, com J. Raposo,
"Reflexões da seca", "Bloco da Evocação" e "Mestre
Giba", maracatu em parceria com Dimas Sedícias, em homenagem ao centenário
de Gilberto Freyre. Em 2007, produziu com Edson Bezerra o CD "Turma da
Jaqueira segurando o Talo: 22 anos de folia", que conta com dois frevos de
sua autoria: "A Chesf e o Talo" e "Nossa troça".
Edson Silva
- Comissão julgadora
Jornalista e
presidente da troça Turma da Jaqueira Segurando o Talo desde 2003, Edson
Bezerra da Silva é um dos nomes que luta pela conservação da cultura
pernambucana através de ações junto a Fundação Joaquim Nabuco.
Lino
Madureira - Comissão julgadora
Pesquisador,
bibliotecário e músico, Lino Madureira atua com gestão dos acervos digitais da
Fundaj, preservando o nosso patrimônio histórico e cultural.
Categorias e
premiações
Melhor Frevo
de Rua - 1º lugar: R$ 10 mil; 2º lugar: R$ 8 mil; 3º lugar: R$ 6 mil
Melhor Frevo
de Bloco - 1º lugar: R$ 10 mil; 2º lugar: R$ 8 mil; 3º lugar: R$ 6 mil
Melhor Frevo
Canção - 1º lugar: R$ 10 mil; 2º lugar: R$ 8 mil; 3º lugar: R$ 6 mil
Melhor
Intérprete - 1º lugar: R$ 6 mil
Melhor
Arranjo - 1º lugar: R$ 4 mil
Hino da
Turma da Jaqueira Segurando o Talo - 1º lugar: R$ 10 mil.
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