Ministério da Saúde mudou protocolo de uso da medicação
Exigência do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a ampliação no protocolo de uso da
cloroquina e hidroxicloroquina também para casos leves do novo coronavírus
ocorreu devido a um clamor da sociedade, afirmou nesta quarta-feira (20) a
secretária de gestão em trabalho em saúde do Ministério da Saúde, Mayra
Pinheiro.
– A
motivação para confecção desse documento vem da necessidade de uma resposta à
população. Temos mais de 18 mil mortes no Brasil, mais de 327 mil mortes do
mundo, e há um clamor da sociedade que chega ao ministério através de
sociedades médicas, representações populares e parlamentares pedindo uma
manifestação formal – disse ela, usando uma máscara com bandeira do Brasil e o
logotipo do SUS.
A secretária
também apontou que há uma diferenciação de classe econômica para a prescrição
da cloroquina.
– No Brasil,
para brasileiros de uma determinada classe social, há o direito da prescrição
médica desses medicamentos, e para uma camada menos favorecida economicamente,
há uma limitação do acesso a essas medicações. Entendo a preocupação do
presidente como eleito pelo povo brasileiro para que ele possa disponibilizar
esse direito pelo Ministério da Saúde – completou.
Pinheiro
confirmou que a nova orientação não foi analisada pela Conitec, comissão que
analisa a incorporação de medicamentos no SUS. Ela justificou a falta de
avaliação pelo fato de que os remédios já são usados para outras doenças. Em
geral, porém, o comitê costuma ser consultado também para mudanças de
indicações de uso.
– Estamos
falando de disponibilizar uma orientação. Essas medicações já passaram pela
Conitec em outras fases. Estamos falando de uma guerra onde precisamos
disponibilizar o direito que é clamado por brasileiros – disse.
Embora cite
estudos iniciais, Pinheiro reconheceu, porém, que não há evidências científicas
de benefícios do uso do medicamento.
– Estamos em
um período em que mortes ocorrem em volume muito maior do que os estudos que
conseguimos publicar para que possamos afirmar os resultados falando de
eficácia – afirmou.
Em seguida,
comparou o risco de efeitos adversos a outros medicamentos.
– É uma
medicação que tem segurança apesar de eventos adversos comuns a outros
fármacos. Temos medicações como paracetamol que podem causar hepatite
fulminante e matar as pessoas e são usadas todos os dias para febre ou dor.
Estamos falando de uma pandemia e situação de emergência em que nossa
responsabilidade enquanto ministério é usar todos os meios – afirmou.
Pinheiro
citou parecer do Conselho Federal de Medicina para justificar a decisão rápida.
Em abril, o conselho definiu que médicos podem prescrever o medicamento também
para casos leves, desde que com consentimento do paciente sobre os riscos.
– A nós,
cabe uniformizar essa recomendação e garantir que essas medicações possam ser
ofertadas, e para isso não precisamos nesse momento de mais autorizações –
afirmou.
Segundo o
secretário-executivo do ministério, Antônio Elcio Franco, a pasta deve fazer
uma nota informativa sobre as mudanças, já apresentadas em parecer técnico divulgado
nesta quarta (20), que não tinha assinaturas. A nota será assinada por todos os
secretários da pasta ou seus substitutos, informa.
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