quarta-feira, março 02, 2022

UMA SEMANA DE GRANDES AVANÇOS PARA O MARANHÃO

 


Uma parceria muito importante para o desenvolvimento do estado foi firmada, entre EMAP e a empresa ENEVA, para desenvolvimento e implantação do HUB de Hidrogênio Verde e Amônia, projetado pelo grupo da EMAP que, desde o ano passado, desenvolve estudos nesse sentido.

O HUB é, na verdade, um grande laboratório a céu aberto onde serão testados, em menor escala, todos os componentes de um planta, de grandes dimensões, de produção de hidrogênio verde e amônia (principal componente dos fertilizantes nitrogenados). Teremos uma pequena usina de dessalinização de água do mar e duas plantas de energias renováveis, eólica e solar. Uma planta híbrida, capaz de evitar que a usina solar deixe de produzir energia à noite, sem a presença do sol. Isso é absolutamente necessário porque água e energia têm que ter fornecimento constante 24h por dia, em todos os dias. Assim, iremos garantir esse fornecimento constante.

O HUB nos dará condições de testar no campo real a teoria, além de ser o melhor meio para dominarmos a tecnologia da eletrólise da água e da produção de amônia. Ou seja, poderemos preparar muitos especialistas nesse laboratório, em tamanho real, suprindo a escassez de mão de obra, comum no emprego de novas tecnologias. Só esse fato nos colocará na ponta entre os estados nordestino, juntos aos mais avançados. Um progresso e tanto face ao atraso anterior em que estávamos mergulhados.

Tudo isso faz parte de um esforço que uniu o estado através da SEPE (Secretaria de Estado de Programas Estratégicos), FIEMA (Federação das Indústrias do Estado do Maranhão), EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária) e Academia. Ou seja, um esforço conjunto em torno do nosso desenvolvimento, aproveitando a maior oportunidade que jamais tivemos. Brevemente, deveremos ter também um grupo semelhante ao nosso na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), uma companhia muito bem-vinda e que poderá servir de exemplo para criação de grupos semelhantes nas maiores universidades do estado.

Parceira do Maranhão – A implantação do HUB deverá custar, segundo orçamento feito pelos desenvolvedores, cerca de 40 milhões de reais. Pois bem, a ENEVA, empresa que tem uma história em nosso estado e que, como quase todas as empresas que tratam de um setor da energia, pretende ir além, se expandir e se tornar uma empresa de energia, em memorável encontro no dia 23 de fevereiro, na semana passada, depois de uma agradável conversa, resolveu apoiar a implantação do HUB, com a metade do valor orçado, ou seja, entrará com 20 milhões de reais, se tornando uma grande parceira, definitivamente, do nosso desenvolvimento. Para isso, um Memorando de Entendimento foi assinado, entre Ted Lago e a diretoria da ENEVA. Ainda falta a metade, mas meio caminho foi percorrido com sucesso e temos certeza que logo teremos o valor total do importante empreendimento, que será implantado em terreno próprio da EMAP, fora da poligonal do Porto do Itaqui. Essa é uma iniciativa projetada para estar inteiramente concluída em 8 trimestres. E com ele abriremos uma porta larga para nosso desenvolvimento.

E essa tragédia, da Invasão da Ucrânia pela Rússia, que esperávamos todos jamais voltasse a acontecer, independente dos fatos que a motivaram, que não nos cabe analisar, pode abrir um gigantesco mercado para o fornecimento de hidrogênio e de amônia. A União Europeia já anunciou investimentos maciços em energia renovável para não depender do gás da Rússia. Assim, o mesmo deverá acontecer com os fertilizantes russos, pois será difícil para o país voltar a deter a confiança que tinha entre os países europeus novamente.

Mas, independentemente disso, a marcha para o mundo trocar a matriz energética oriunda da energia fóssil, altamente emissora de gás carbono, para o hidrogênio verde, poderá acontecer antes. O grupo Bloomberg, de análise financeira, divulgou estudos mostrando que, até 2027, no mais tardar até 2030, o quilo de hidrogênio verde – que hoje custa 5 dólares para produzir – custará um dólar por quilo, o que o tornará mais barato do que qualquer outro combustível e deverá proporcionar uma verdadeira corrida pela nova energia. O mesmo deverá acontecer com a amônia.


Outro fato auspicioso, ocorrido na semana passada, na última sexta feira, na UFMA foi a defesa de tese do mestrando Edeilson Pestana, aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeroespacial da UFMA. O orientador foi o Dr. Allan Kardec Duailibe e o coorientador, o Dr. Luís Claudio de Oliveira, do Departamento de Engenharia Elétrica e Coordenação de Engenharia da Computação. A tese defendida foi “Metodologia para Detecção e Correção de Erros Causados por Radiação em Computador de Bordo de um CUBSAT (um pequeno satélite feito com material de prateleira no jargão técnico). O trabalho, interessantíssimo, foi financiado pela AEB (Agência Espacial Brasileira), executado pela UFMA e aprovado pela Banca Examinadora. Agora temos mais um mestre em Engenharia Aeroespacial.

Mas não foi só isso o que vi na UFMA. Fiquei encantado com um trabalho da Marta Barreiros, que está fazendo pós-doutorado com o professor Allan Kardec. Ela, uma jovem e brilhante doutora, teve a gentileza de me chamar para mostrar o trabalho que está fazendo junto com Diego Dantas, aluno de doutorado, também orientado por Kardec, sobre como fizeram pequenos peixinhos em um aquário, trabalharem em conjunto e sob efeito de um comando de cores no aquário: a algazarra que fazem é transformada em energia cinética, movimentando um pequeno robot, que percorre alguns metros em linha reta. Um trabalho de pesquisa e inovação tão importante que a fez escrever, narrando o trabalho, dois artigos que foram publicados na revista Nature, uma das mais respeitadas revistas de ciência do mundo. Parabéns a doutora Marta Barreiros pelo fantástico trabalho que desenvolve com o doutorando Diego Dantas.

E, para encerrar, a AEB assinou nos Estados Unidos um “Termo de Intenção Estratégica e Cooperação” com a Amazon Web Services (AWS), onde se compromete a apoiar, a longo prazo, a inovação e o crescimento da indústria espacial do país, com forte reflexo na dinamização das atividades do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. A iniciativa contou com a Embaixada do Brasil, em Washington. É a primeira desse tipo da AWS na América Latina. O embaixador do Brasil disse, entre outras coisas, que “o acordo entre a AEB e a AWS é iniciativa concreta em prol da integração do setor privado brasileiro e a nossa indústria aeroespacial com  o ecossistema de inovação americano, o mais avançado do mundo na era espacial” .  

Jeff Kratz, gerente-geral para as regiões da América Latina, Canadá e Caribe, e para o setor público mundial da AWS, disse que “a AWS tem orgulho de apoiar a missão do Brasil de impulsionar a inovação e o crescimento da indústria espacial”. E o presidente da AEB, Carlos Moura, disse entre outras coisas que “esse termo de Cooperação é muito importante para o CLA (Centro de Lançamento de Alcântara). O acordo com a AWS é um passo importante para fomentar nossa indústria espacial, no momento em que o Brasil visa inserir-se mais fortemente no mercado espacial, como por exemplo no segmento de acesso ao espaço, com o espaçoporto de Alcântara”. Muito bom.

E, para encerrar, conheci na quarta-feira passada o novo comandante do CLA, o coronel engenheiro Fernando Benitez Leal. Ele me deu a melhor das impressões. Pareceu-me preparado para a missão, ciente dos desafios e acreditando na sua missão. Boas vindas e bom trabalho, coronel Benitez.    

Artigo escrito pelo ex-governador José Reinaldo Tavares.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário