Precisamos fazer o maior esforço possível para atrair empresas e criar empregos. Isso aumentaria o PIB – condição número um para o crescimento econômico – e favoreceria o aumento da industrialização do Maranhão, indispensável para o emprego. Precisamos criar essa mentalidade dentro do governo, como se fosse um permanente objetivo a ser alcançado, e um ambiente que proporcionasse uma união entre estado, empresários, academia e portos em um objetivo comum que multiplicasse esse esforço dentro do estado.
Não faltam motivos e fatores para que o estado atraia empresários e se industrialize ainda mais. São Luís, com os portos que possui e a infraestrutura, já existente (e em execução), nos coloca em um patamar elevadíssimo, entre todos os estados brasileiros, pois estamos ligados à Ferrovia Norte-Sul e ao interior do Brasil, que produz e que precisa de acesso ao comércio exterior, tanto para exportar quanto para importar. E temos condições excelentes para a cabotagem, que diminui a atual dependência pelo transporte rodoviário a longas distâncias, que é o modal mais caro de transporte.
Em nossa capital, transitam para o exterior grãos em grande quantidade, assim como minérios de ferro. Aqui também é produzido alumínio para exportação. Tudo isso é exportado in natura, sem beneficiamento e sem agregação de valor, o que geraria indústrias e empregos se assim fosse, mesmo que parcialmente, beneficiado em fábricas locais. A matéria-prima está aqui, mas não cria empregos, além dos necessários ao transporte e aos serviços portuários. O que nos falta?
Falta uma mentalidade como a que falei acima. A solução está em andamento, pois dentro de pouco tempo um trabalho conjunto entre a FIEMA (Federação das Indústrias do Estado do Maranhão), Estado, EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária) e academia, está perto de ter concluído os estudos necessários em face da lei, da nossa sonhada ZPE (Zona de Processamento de Exportação) – já com localização escolhida e estudos prontos de como é a melhor maneira de instalá-la. Estamos nos espelhando no Ceará, que tem a única ZPE que funciona no Brasil. Vamos copiá-los. O Piauí já avançou muito e já tem a sua ZPE, mas falta-lhe um porto, o que poderá ser resolvido pelas nossos portos e pela Ferrovia Transnordestina. Produzir na ZPE isenta de impostos, federais, estaduais, e municipais produtos destinados à exportação. Assim, poderemos industrializar muitos produtos aqui, criando investimentos e empregos. A ZPE, em conjunto com a nossa infraestrutura, garante empregos em pouco tempo no Maranhão.
Bem, são dois exemplos importantes. Porém, temos muito mais possibilidades de criar empregos em curto prazo. Se agregarmos a essas vantagens o que o HUB de produção de hidrogênio verde e amônia pode acrescentar, veremos multiplicar essas possibilidades de criação de empregos, vigorosamente.
O HUB é um empreendimento fundamental para que o Maranhão ganhe experiência com projetos híbridos de energia renovável, produção de hidrogênio verde e amônia. Ou seja, dominar o que será a energia do futuro e a produção de fertilizantes nitrogenados. A nossa ideia é ter parceiros e já conseguimos o primeiro que foi a empresa ENEVA, que assinou um memorando de parceria com a EMAP no valor de R$ 20 milhões. Precisamos de empresas de construção civil para limpar o terreno e fazer a locação do HUB no terreno cedido pela EMAP; precisamos de uma usina de dessalinização, assim como de um eletrolisador para produzir o hidrogênio e de uma usina piloto de produção de amônia. Vamos procurar grandes empresas do Maranhão, que há anos investem no estado, para essa empreitada. Estarão contribuindo com o futuro desenvolvimento do estado.
O domínio da tecnologia será muito importante para a demonstração de que temos todas as condições para nos tornarmos grandes produtores de energia e fertilizantes, essenciais para o mundo vencer o desafio climático. Isso, com a ZEP e a nossa infraestrutura, nos colocará em uma ótima posição no que se refere à atração de empresas em um mercado global gigantesco e faminto por energia verde e alimentos.
Bem, mas isso não esgota as nossas possibilidades de atração de empresas e empregos. A nossa infraestrutura portuária e ferroviária nos colocou dentro da Rota da Seda, programa bilionário de investimento da China, visando criar grandes centros logísticos de distribuição de mercadorias chinesas em cidades selecionadas através de estudos preparados por grandes especialistas na matéria. Sim, escolheram São Luís como local adequado para os empreendimentos.
Mas não iremos simplesmente esperar. Vamos nos antecipar, pois já temos um grande elo com o mercado chinês através dos navios levando granéis que partem diariamente daqui para lá. Brandão, que vai assumir o governo no final deste mês, tem relações influentes naquele país, conquistados nas seis viagens de negócio e atração de investimentos que fez para lá.
O professor Allan Kardec Duailibe, que fez doutorado na Ásia, já fez contatos com o professor Lee (Paul TaeWoo Lee), que é diretor do Institute of Maritime Logistics Ocean College, Zhejiang University Zhoushan 316021, China, está marcando uma apresentação dele por videoconferência para o nosso grupo na EMAP, sobre as oportunidades na Rota da Seda e a visão chinesa. Torcemos para que Allan tenha êxito e que possamos ouvir o professor Lee, importante para nos orientarmos. Consolidar uma posição importante na Rota da Seda nos abre grandes possibilidades e nos permite negociar para ser grande fornecedor à China de crédito de carbono. Um mercado rico e fundamental na luta contra a emissão de carbono na atmosfera.
Créditos de carbono – O Maranhão tem excelentes condições de produzir créditos de carbono, desde que se organize para isso. Podemos ganhar muito dinheiro e se criarmos, com esse dinheiro um fundo soberano, teremos recursos substanciais para investir em inovação e tecnologia, na nossa educação e no amparo das crianças pobres, dos 0 aos 6 anos, acabando com as causas da desigualdade social.
E vem a grande e auspiciosa notícia: o Estado do Rio de Janeiro terá uma bolsa de valores para a compra e venda de créditos de carbono e ativos sustentáveis como energia, clima e florestas. O governador do Rio, Cláudio Castro, com a Nasdaq e a Global Environmental Asset Plataform (GEAP) deu o primeiro passo para implantação da plataforma no Brasil. Um grande passo, sem dúvidas, na direção certa.
E para encerrar, pois meu espaço já está curto, a Fiema vai convidar o presidente da Câmara Brasil China (CCIBC), que tem como missão a promoção do Comércio Internacional e tem como objetivo prover o intercâmbio e a cooperação nos campos econômico, acadêmico e cultural entre Brasil e China e fomentar a relação entre os seus povos, contando com o apoio da comunidade empresarial, dos meios diplomáticos e do governo, desenvolvendo parcerias estratégicas, entre outras. O sr, Charles Tang, presidente, já aceitou o convite verbal e a Fiema vai oficializar e marcar o dia.
Vamos em frente!
Artigo escrito pelo ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares.
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