Por Dr. Magno Bacelar.
Perdi um verdadeiro amigo, os contemporâneos um bom companheiro, o Maranhão um grande idealista, por fim, os jovens ficam privados de um belo exemplo de abnegação e dedicação à causa do esporte. Morreu Cláudio Vaz, em 29 de junho, deixando uma lacuna no espaço por ele ocupado a partir da década de 1950. Desportista e líder nato despontou dentre os jovens que mudaram conceitos e deram competitividade ao esporte amador. Foi o criador do JEMS, Jogos Escolares Maranhenses JEMs.
Falo de uma época em que autoridades não se entusiasmavam a ponto de elaborar projetos para os esportes coletivos e de caráter amador. Muito menos motivados eram os empresários que não enxergavam retorno do patrocínio daquilo em que não acreditavam. Vivíamos a mesmice da “ajuda” de pais que custeavam inabilidade dos filhos para mantê-los no elenco.
Foi a partir do movimento jovem, “Geração 53”, aliado à globalização das notícias e quebra dos tabus, que novos e mais amplos horizontes foram surgindo. Com liberdade e igualdade rapazes e moças passaram a frequentar quadras esportivas e estádios, participando de torcidas organizadas, vibrando sem medo de censuras ou críticas. O interesse público trouxe o investimento, a mídia e o interesse dos políticos sempre ávidos em aparecer.
Neste novo momento surgiram jovens lideranças com visão de futuro. Cláudio Vaz, o alemão, atleta completo, atundo nas áreas de basquete, vôlei, futebol de campo e de salão, atletismo e natação, portador de otimismo contagiante, incansável batalhador, ocupou todos os espaços, nos levou ao ápice e jamais permitiu que a peteca caísse. Com o povo a seu lado motivou gestores públicos, empresários, comerciantes e até religiosos. Ventos favoráveis e sorte confabulavam a favor do êxito das grandes iniciativas, foi, ainda a fase áurea da radiofonia além do surgimento da TV Difusora. Comunicações e idealismo me aproximaram de Cláudio Alemão, e propiciaram-me a honra de sua amizade e convívio.
Em função de múltiplas atividades, também por mim exercidas, nossos caminhos se cruzaram a todo instante até que em 1971 o Governador Pedro Neiva de Santana me honrou com o convite para assumir a Secretaria de Educação. Ao aceitar, estava em minha mente a oportunidade de contar com a colaboração do Alemão.
Juntos, e com o seu dinamismo, revolucionamos o setor esportivo da pasta. Interiorizamos o esporte escolar coletivo, inauguramos quadras polivalentes, ocorre-me a de Pinheiro inaugurada com a presença do Secretário e que me valeu o honroso título de cidadão daquela bela e progressista cidade. Não paramos por aí, introduzimos os jogos estudantis no calendário estadual.
Num gesto audacioso, fretamos aviões da VASP (jato puro) para, em voos diretos e exclusivos, transportar nossa primeira delegação de estudantes a participar, em Brasília, do jogos estudantís nacionais Toda a logística esteve a cargo do homem que ora nos deixa para servir a Deus em esfera superior.
Minhas homenagens e mais profundo reconhecimento a este incorrigível otimista que tanto fez pelo desporto e juventude maranhenses.
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