terça-feira, julho 06, 2021

FUTURO PROMISSOR

 


Por José Reinaldo Tavares.

O Maranhão tem, sem dúvidas, problemas sérios para resolver. Cito dois: a oferta de água e esgotos em todo o estado e o grande obstáculo ao desenvolvimento, que é a desigualdade social.

Dificuldades de acesso à água tratada e sistemas de esgotamento sanitário são problemas do Terceiro Mundo, já há muito resolvidos pelo mundo desenvolvido. E, por ser um problema muito sério, precisa ser resolvido com presteza. A nossa Caema prestou grandes serviços à comunidade, durante anos a fio, mas hoje já não é mais a mesma. Hoje é uma maneira de dizer, mas a companhia está há vários anos quebrada, pois não consegue mais se manter, por si só, e precisa de auxílio financeiro mensal para se manter funcionando. Há enorme perda de água e inadimplência dos seus clientes.

Nós nunca tivemos um sistema de esgotos que atendesse a todos. Nem em São Luís. No interior, menos ainda. O resultado disso é termos hoje todas as nossas praias poluídas, nossos rios poluídos, causando doenças e afugentando turistas. Agora, aprovado o Marco Regulatório do Saneamento, o que levou ao vencimento dos contratos com as prefeituras, significa que não existe saída para a Caema. E nem solução sem integrar as empresas privadas na solução. E isso, por paradoxal que seja, pode transformar a Caema e fazê-la voltar a ser uma empresa superavitária, novamente, sem perder as suas finalidades como a de suprir água tratada para a população.

Como pode ser isso?

O Italuís, o sistema que produz água tratada para a população, ficaria com a Caema, que continuaria a ser uma empresa fornecedora de água tratada.  Essa água seria vendida para a empresa, que faria a comercialização e a distribuição da água universalmente, ou seja, para 100% da população em sua área de atuação, fazendo os investimentos necessários para alcançar suas metas impostas por contrato em prazos fixados. Essas obrigações seriam também para dotar a área de atuação da empresa, toda ela atendida por um sistema completo de esgotamento sanitário que, em pouco tempo, acabaria com a poluição ambiental dominante.

Com a venda de água, rapidamente a Caema se tornaria superavitária e adimplente, pois os investimentos realizados no Italuís estão amortizados e assim, nessa nova fase, a empresa encontraria rapidamente o seu lugar como empresa capitalizada. E a população, não só de São Luís, seria atendida com água tratada e esgoto em quase 100%. O Governo do Estado não precisaria mais gastar milhões de reais todos os meses e o dinheiro atenderia os programas sociais do governo. E o Turismo voltaria a ser forte, trazendo empregos para a população e melhorando a saúde, principalmente das pessoas mais pobres que vivem em lugares desprovidos de água tratada e esgoto.

Uma medida inadiável para fazer funcionar todo esse novo sistema seria criar uma Agência de Águas (ou outro nome), que se encarregaria de fazer os estudos de áreas como distritos de saneamento a serem formados visando ao equilíbrio econômico dos contratos, juntando municípios grandes e pequenos, que pudessem dar viabilidade econômica a cada um desses distritos, garantindo o retorno dos investimentos que terão que ser feitos. O desenho destes distritos é importantíssimo e quanto antes forem feitos melhor.

Outro problema muito sério é a desigualdade social, que aumentou em todo o Brasil e muito mais aqui no nosso estado, pelos grandes contingentes de pobres em relação à nossa população. Com os problemas que tivemos para comprar as vacinas e o grande atraso decorrente disso, mal chegamos a 16% da aplicação da segunda dose e o ensinamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que só teremos uma relativa segurança para retornar nossas atividades presenciais com 75% da população vacinada, portanto ainda estamos muito longe disso, principalmente porque surgem novas variantes muito perigosas do virus, a cada dia de atraso na vacinação, por falta de vacinas. Esse fato prejudicou muito a parte mais pobre da população, pois inibe profundamente o funcionamento normal do setor de serviços, retirando renda dessa população que vive de prestar serviços ou tem trabalho no setor de serviços.

Soluções possíveis – Mas temos que iniciar logo os programas para evitar que os filhos destas famílias pobres continuem a ser pobres, como acontece. A solução está ao nosso alcance e poderá resolver esse grande problema ao longo de algum tempo. A solução universalmente adotada é fazer creches especiais para acolher as crianças pobres e muito pobres, na idade de zero a seis anos de idade, dando-lhes um tratamento similar ao que as famílias de classe média e alta dão para seus filhos, incluindo assistência de saúde, alimentação, sociabilidade, passeios, esporte, cultura, e iniciação à Língua Portuguesa e Matemática, apoio psicológico adequado a prepará-los para a vida. Isso os tornará confiantes para enfrentar e se sair bem na educação formal feita com acompanhamento de seu desempenho. Isso feito assim, certamente os libertará da pobreza, formando novas gerações de maranhenses produtivos e preparados, com renda muito superior à de seus pais.

O professor James Heckman, da Universidade de Chicago, que recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 2000, afirma, com cálculos bem elaborados, que não existe investimento com retorno mais alto do que esse em toda a economia. Não há por que esperarmos. Enquanto resolvemos esses investimentos para criar capital humano, importantíssimo na economia produtiva, nós podemos aproveitar as grandes vantagens de que somos dotados e que, bem explorados, nos colocarão como um estado importantíssimo e futuramente rico, oferecendo soluções para os grandes problemas brasileiros dos que habitam e produzem acima do paralelo 16 para o Norte, deste novo e promissor Brasil do futuro próximo. Mas isso falarei no próximo artigo.

Agora quero falar sobre um amigo insubstituível, que foi levado há poucos dias pela covid, que já nos privou de tantos outros amigos. Senti como se tivesse perdido uma parte de mim mesmo. Fomos amigos leais desde a juventude, companheiros de tantas coisas, um gigante de força, que só a usava para proteger alguém da turma. Na verdade, já vínhamos perdendo-o desde antes, tomado por enfermidades que impediam o convívio, pois ele quase não nos reconhecia mais.

Alemão, meu amigo querido, vá em paz e fique com Deus! 


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