Com um
valioso resgate histórico sobre a vida de um dos mais expressivos e
polêmicos jornalistas do Maranhão, foi lançado, na noite de terça-feira
(15), o livro “Othelino: um herói da imprensa livre” do escritor Manoel Santos
Neto. A biografia conta com riqueza de detalhes toda a trajetória profissional
de Othelino Nova Alves (1911-1967), que foi brutalmente assassinado, no final
da década de 60, quando exercia o seu direito de liberdade de expressão e de
imprensa.
O biografado
é avô do presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Othelino
Neto (PCdoB). O lançamento do livro aconteceu no hall do Plenário Nagib
Haickel, em um ato discreto para familiares e amigos, obedecendo às normas
sanitárias por conta da pandemia da Covid-19.
Grande parte
da família do biografado e do deputado Othelino Neto acompanhou a solenidade
remotamente de diversos estados pelo aplicativo Zoom.
O livro é um
relato épico, como bem definiu o presidente do Parlamento Estadual, deputado
Othelino, que conta tanto a história do seu avô, como contextualiza o momento
político, social e, principalmente, o que era ser jornalista naquela época.
Resgata também momentos angustiantes que a imprensa viveu no Brasil a partir de
diversos regimes de exceção, como a ditadura do Estado Novo, quando Othelino
Nova Alves foi vitimado.
Em discurso
emocionado, o presidente da Assembleia, que estava acompanhado de sua esposa,
Ana Paula Lobato, destacou a importância do livro, que foi idealizado pelo seu pai,
Othelino Filho, para a sua família e a imprensa maranhense. “Sinto-me muito
emocionado e honrado pela oportunidade de prestigiar o lançamento do livro que
conta a vida do meu avô, um homem que se dedicou à imprensa livre e à sua luta
pela liberdade de expressão e de informar”, disse.
Para
Othelino, a obra é uma forma de resgatar não só a história de luta da vida do
seu avô, mas, sobretudo, o que ele representa para a história da imprensa
maranhense. “Portanto, considero este momento muito especial não só para nossa
família, mas também para todos aqueles que militam no dia a dia da imprensa do
Maranhão e do nosso país, fundamental para o equilíbrio da sociedade”,
acrescentou.
Othelino
Neto também agradeceu ao autor da obra por sua sensibilidade ao retratar a vida
do saudoso Othelino Nova Alves. “Muito bom que o Manoelzinho tenha sido o
jornalista responsável pela obra porque também é um homem do povo e que conhece
a nossa realidade. É um homem, tal qual o meu avô, que, essencialmente,
defendia as causas daqueles que mais precisavam e a combater as desigualdade e
injustiças”, completou.
EXPOSIÇÃO
O lançamento
do livro contou com uma exposição da memória fotográfica de Othelino Nova
Alves, retratando momentos ao lado da família e de sua trajetória como um dos
mais destacados jornalistas, advogados e ativistas políticos do Maranhão. Além
de apreciar a exposição fotográfica, familiares e convidados assistiram, ainda,
a uma reportagem especial produzida pela TV Assembleia, resumindo a história e
a trajetória de Othelino Nova Alves.
LIBERDADE
DE IMPRENSA
O jornalista
Ademário Cavalcanti, acompanhado da filha, a promotora Lítia Cavalcanti, e
outros jornalistas que atuaram na imprensa na década de 60, como Cunha Santos e
José Salim, estiveram presentes na cerimônia. Também prestigiaram o evento o
procurador-geral de Justiça do Maranhão, Eduardo Nicolau, e o deputado federal
Márcio Jerry, que também é jornalista.
Cunha
Santos, que prefaciou a obra – primeiro volume de uma série de 12
livros-reportagem, intitulada “Valha-me Deus! Notícias que não publiquei”,
contendo 250 páginas, divididas em 28 capítulos -, disse que o livro revela o
nível de perseguição que jornalistas têm sofrido a vida inteira. “Othelino Nova
Alves foi escolhido como um dos mártires da imprensa no Maranhão. Essa obra é
muito importante para que os maranhenses e as novas gerações de jornalistas
tenham um exemplo claro do que é, de fato, o exercício dessa profissão e a luta
pela liberdade de imprensa e de expressão”, assinalou o jornalista.
O radialista,
jornalista e advogado, José Salim, lembra até hoje daquele 30 de setembro de
1967. Ele trabalhava à época em um periódico e foi um dos primeiros a chegar ao
local do crime. Ele destacou a importância do registro para que não só a
história de Othelino Nova Alves se perca, mas, também, da imprensa maranhense.
“É um registro que se faz necessário até para dar exemplo aos jornalistas de
hoje em termos de combatividade e investigação. O livro também busca
concretizar o sonho do filho em ver a história do pai contada. Se vivo
estivesse, tenho certeza de que estaria conosco celebrando a alegria de ver o
legado de Othelino Nova Alves tornado pública”, completou.
O jornalista
e deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) disse que todos aqueles que um dia
militaram na imprensa ou na política do Maranhão já ouviram pronunciar o nome
de Othelino Nova Alves como um exemplo de coragem e compromisso com a boa
prática jornalística. “Ele tinha o destemor e a coragem de utilizar o
jornalismo como uma trincheira para defender pontos de vista de uma maneira
bastante democrática. Isso marcou a sua trajetória, de modo a escrever o seu
nome no panteon da imprensa maranhense e, também, da política do nosso estado”,
disse Jerry.
SOBRE O
AUTOR
Para o autor
da biografia, Manoel Santos Neto, contar a história de Othelino Nova Alves
representa um marco para a história. “Fico feliz em poder contar e resgatar a
história de vida de um homem que era impulsivo, porém firme na defesa de suas
ideias e que fazia questão de combater as injustiças, a corrupção, o
analfabetismo, a pobreza e os desmandos administrativos da época. É uma linda
história que servirá de exemplo para a geração atual e futura de jornalistas
que buscam informar com responsabilidade”, disse.
Manoel
Santos Neto é maranhense de São Luís. O jornalista, formado pela Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), é também membro do Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão (IHGM) e trabalhou como repórter e redator em diversos jornais
impressos.
Foi chefe de
Reportagem e editor de Política no jornal O Estado do Maranhão e integrou a
equipe fundadora da Folha do Maranhão. Além disso, participou da equipe de
redatores do Suplemento Cultural & Literário Guesa Errante, editado pelo
Jornal Pequeno. Tem uma vasta obra no campo literário e histórico com quatro
livros já lançados.
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