A premiada autora conversa sobre suas vivências culturais nos países ibero-americanos a partir de suas origens brasileiras e espanholas. Será dia 30, às 17, pelo YouTube da Fundaj
Para além de relações comerciais e políticas, as trocas culturais na chamada Ibero-América, que compreende todos os países do continente falantes do espanhol e do português, sempre foram intensas durante os séculos. Para celebrar esses longevos intercâmbios, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) trará Nélida Piñon, escritora e professora hispano-brasileira integrante da Academia Brasileira de Letras, para ministrar a palestra “Nossas Américas”. Realizada no próximo dia 30, às 17h, a conversa será exibida no canal do YouTube da Fundaj.
Proporcionará um mergulho da escritora nas vivências culturais dos países hispânicos e lusófonos da América desde suas civilizações antigas ao fazer literário atual. “Nélida Piñon é uma de nossas escritoras mais celebradas e premiadas, tanto no Brasil, como no mundo hispânico. Como seu sobrenome indica, ela tem sua origem espanhola, ao mesmo tempo em que é brasileira. Ao propormos pensar o mundo ibero-americano, é impossível deixar ela de lado nessa discussão”, destaca o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos.
Segundo o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mario Helio, a escritora trará uma conversa informal não só sobre sua obra, mas um registro memorialístico completo sobre suas vivências dessa Iberoamérica. “Sua palestra vem em um momento que a Fundaj celebra essas conexões, em especial com o lançamento do livro “Iberotropicalismo- A Hispanidade, os Orientes e Ocidentes na obra de Gilberto Freyre” e de nossa exposição com documentos da Universidade de Coimbra”, relata.
As origens hispânicas de Nélida vêm da região da Galícia, terra-natal de seus pais. Se formou em jornalismo pela PUC-Rio e, no ínicio dos anos 1960, começou sua celebrada carreira na literatura, com o romance “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo”. Sua trajetória é repleta de importantes prêmios, como o Jabuti, o APCA e o Príncipe das Astúrias, que já foi concedido para nomes como Amos Oz, Leonard Cohen e Philip Roth. Desde 1989, é integrante da Academia Brasileira de Letras, ocupando a quinta cadeira e também, nos anos 1990, se tornando a primeira presidenta da instituição.
“Desde o início da minha formação, me dei conta que o mundo era vasto, sobretudo com o que herdei da cultura brasileira e espanhola, algo que permitiu entender que eu poderia ir além delas. Desde então, sempre amei esse conceito das Américas, tanto a portuguesa, como a espanhola e passei a estudar esses horizontes, em especial, na literatura”, explica Nélida. Ela conta que achava “estranhíssimo” o brasileiro não conhecer o mundo hispano-americano.
“Lembro de ter conhecido um argentino que ficou maravilhado comigo porque eu era uma das poucas brasileiras que conhecia Borges, algo que mudou quando veio o boom desses autores”, comenta, acrescentando que falará da trajetória de escritora a partir dessa relação com a América, das grandes civilizações prévias aos meus laços profissionais e de amizade com autores como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa.