Corria o
Século XX. Com ele, o ano de 1930. Dentro dele, o mês de julho. No meio dele, o
dia 15. Saindo dele, a hora em que nascia o galeguinho Eurico Oliveira Matos.
Das mãos da parteira, Eurico para o mundo, até hoje, 15 de julho 2018, dia do
seu aniversário de 88 anos. Meus parabéns!
Nascido no povoado Garapa, no Município de Coelho Neto, o menino Eurico nasceu
radiante, para o orgulho do pai, Vitorino Matos. Com ele, o menino Eurico
iniciou-se cedo no trabalho. Era roça de arroz no inverno e de fumo na vazante
do Rio Paranaíba. Sobrava pouco tempo para estudo; para brincadeira, nem se
falava em tempo.
Mas o menino Eurico não teve, de todo, a infância perdida no trabalho infantil
com o pai. O tempo no trabalho fazia o predicativo do garoto Eurico para ser o
bom menino sonhado pelo pai. Eurico seguiu o padrão de filho moralista e
trabalhador que o pai queria. Partindo daí, de um bom menino a um bom rapaz,
foi um caminho certo: encruzilhadas poucas, ou nenhuma nesse caminho.
De bom rapaz a um bom esposo, foi um pulo na vida de Eurico. Logo, teve como
esposa a professora Conceição Araújo. Eurico e Conceição formaram o casal de
ouro da já cidade de Duque Bacelar. Invejados por muitos, pelo exemplo de casal
que formaram.
Não demorou muito tempo para o menino Eurico Matos ter ultrapassado as fases de
criança e de jovem para ter-se feito o homem casado e comerciante, dono do
terceiro maior comércio de Duque Bacelar. Só perdia para José Ribamar Oliveira
e para Orsini Lisboa, que eram donos de loja. Mas no segmento mercearia, Eurico
era o primeiro. A mercearia dele era um grande comércio para o padrão de Duque
Bacelar, na época. Na cidade, por exemplo, só se comprava absorvente modess e
papel higiênico na mercearia de Eurico.
Crédito não faltava para o comerciante Eurico nas suas compras em Teresina. Ele
tornou-se um grande fiador, na “praça” de Teresina, para os pequenos
comerciantes de Duque Bacelar. Muitos só compravam fiado em Teresina
apresentados por ele. Podia-se dizer que Eurico, em Duque Bacelar, era um homem
rico: da elite financeira e social.
Na política de Duque Bacelar, Eurico elegeu-se vereador e foi presidente da
Câmara. Nessa condição, assumiu a Prefeitura por um mês. Mas deixou o cargo,
renegando-o.
Com a decadência comercial de Duque Bacelar por um certo período, e para dar
uma educação mais elevada para os filhos, filhos de professora que são, Eurico
Matos deixa a cidade de Duque Bacelar, onde nasceu, mudando-se para Caxias,
onde nasceu a esposa Conceição. Lá, Eurico continuou a vida de comerciante e
viu os filhos formando-se.
Hoje, em Caxias, aos 88 anos, meu parente Matos, Eurico, vive a vida que se
iniciou no povoado Garapa. Mas Duque Bacelar não ficou como um rio que passou
na vida de Eurico Matos. Ele tem pela cidade natal um mar de recordação.
Eurico recorda com saudade de Duque Bacelar casa onde morava, a mercearia, que
não lhe sai do pensamento, a Fazendinha, propriedade do pai dele, a rural
willys verde-amarelo, que dirigia com barbeiragem, os amigos Oliveira, que já
morreram todos, o primo Serafim Matos, meu pai, que também já se foi, os amigos
Bevenides, João Vilar, José Brito, Ditador, José Muiz e José Aguiar, todos já
lá em cima também. A cachacinha do Bonfim e o bar vizinho, do Gonzalez, com
certa, enchem-lhe de saudade também. Do Bacuri, talvez Eurico não tenha saudade:
ele enchia o saco do meu parente!
Este dia 15 de julho de 2018 é só alegria para o aniversariante Eurico Matos.
Do alto de seus 88 anos, ele tem como presente maior a vida que Deus continua
lhe preservando, e ELE há de fazê-lo por muito tempo. Rogo por isso.
Tenha, hoje, pois, meu abraço de aniversário, meu tio Eurico Matos!
(Lázaro Matos).
Por Lázaro Albuquerque