Balthazar é
dono de uma potente voz e intérprete singular. Não fosse o equívoco recorrente
no seu repertório, poderia figurar entre os maiores do Brasil. Sua
carreira tem desenvoltura bastante interessante, basta lembrar que ele começou
cantando rock com Raul Seixas, Serguei e outros. Entre as dificuldades que
enfrentou para deslanchar como roqueiro, preferiu a estrada fácil da música
popular e seu consumo intenso. E se deu bem. O país inteiro, um dia já cantou
os sucessos de Balthazar. Quem não se lembra das músicas Se Ainda
Existe Amor, Sara e Carta de Amor? Verdadeiros
hinos da década de 70.
Egresso do rock, Balthazar entra no mercado fonográfico encaixando-se na vaga
que Evaldo Braga deixara na gravadora Phonogram com sua morte,
em 31 de janeiro de 1973. O convite para Balthazar preencher a lacuna
deixada pelo ídolo negro, veio do então diretor de produção da gravadora, Jairo
Pires. Balthazar era amigo de Evaldo Braga e, apesar de ainda não ter
gravado discos, sua voz era bastante elogiada pelos profissionais da área.
Foi
através do primeiro compacto, gravado em 1973, que Balthazar despontou para
o sucesso comercial. A boa aceitação do público diante da música
“Carta de Amor” (Balthazar) serviu de respaldo para que a gravadora avançasse
para o passo seguinte: gravar imediatamente, o primeiro LP de Balthazar.
Segundo os dados oferecidos pelo próprio cantor em 2005, o disco vendeu em seis
meses a quantidade recorde de 1.500 mil cópias. Resultado suficiente para
brecar qualquer temor da gravadora em relação ao sucesso do contratado.
A
INJUSTIÇA QUE PERSEGUE OS ARTISTAS POPULARES
As
coletâneas de sucessos de Balthazar estão disponíveis no mercado e vendem bem,
mas até quando o público que gosta de artistas como Balthazar, terá que se
contentar com as tais coletâneas, que enriquecem as gravadoras e desampara os
artistas? Por que não fazer uma homenagem justa para o artista, fazendo um
contrato por obra, gravando um disco atual? Seria uma saída para prestigiar o
público e principalmente o artista. Se as gravadoras esperam de cada artista
que lançam, que eles vendam como Ivete Sangalo vende, vai esperar muito e
sofrer a crise lamentando ou culpando a pirataria.
Sugestão para as gravadoras
detentoras dos direitos de artistas como Balthazar: freqüentar as feiras que
acontecem em diversos pontos do país, pra comprovação do sucesso que os discos
(LP) desses artistas fazem diante da procura do público.
No Rio de Janeiro, na
Praça XV, aos sábados, os senhores vão encontrar discos de Roberto
Carlos a 1 Real, Tom Jobim a 3, Jorge Benjor a
5 e Balthazar a 45 Reais. Na faixa do preço que se paga por um Balthazar
legítimo dos anos 70, estão os discos de Odair José, Diana (quando
aparece, pois seus discos, apesar da procura, raramente aparecem), Gilberto
Lemos, Rosemary, Perla e muitos outros. Sem
falar no preço que acompanha os LPs de Waldick Soriano, vendidos
até por 100 Reais. Na faixa de 1 Real, a que Roberto se encontra, estão os LPs
de Gal Gosta, Elis Regina, Caetano, Gil, Bethânia, Fagner, Marisa
Monte, Titãs e a turma toda dos anos 80. Quando não
conseguem compradores, os vendedores abandonam, deixando-os jogados pelo chão
(que vergonha para os vendedores). Em contrapartida, ninguém dá mole para os
discos de Odair, Diana, Balthazar e Evaldo Braga.
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