Nossa querida Coelho Neto completa mais um aniversário. Muito jovem, mas com uma bela história de lutas e progresso, nasceu Curralinho às margens do rio Parnaíba. Denominação que a caracteriza ser originária de colonização pelas famosas “entradas” que se fizeram no Brasil do litoral para o cento do país.
A denominação “curralinho”, às margens de um rio navegável, significava um ponto de apoio ou entreposto para as caravanas que, partindo do litoral, foram ocupando as terras do interior do Brasil. No caso de nosso torrão, os colonizadores partiram de Parnaíba no litoral piauiense. O fato confere importância histórica à pequena e antiga vila que evoluiu para cidade até se transformar na hoje histórica e próspera Coelho Neto da qual tanto nos orgulhamos. Nova, portanto, é a nossa emancipação política hoje com apenas 123 anos.
Durante longos e penosos anos, desde a chegada dos colonizadores, o pequeno e pobre povoado, que já foi termo de Buriti, ficou estagnado dependente de rústica pecuária e agricultura rudimentar. Praticamente sobrevivendo do extrativismo, pesca, caça, cata de frutos silvestres. Período em que não houve progresso, apenas alguns comerciantes e latifundiários se locupletaram da ignorância e fragilidade popular, período em que não se fez história, fomos tão somente coadjuvantes na ópera pífia regida pelos coronéis. Sobrevivemos graças à natureza pródiga elaborada por Deus.
Com a emancipação, vieram os primeiros benefícios: Prefeitura, Delegacia de Polícia, Promotoria, Juizado e Câmara de Vereadores. Surgiram os cargos públicos inerentes à burocracia e necessidade de cada setor. Instrumentos decisivos para a representatividade e avanço democrático. Pessoas locais passaram a exigir das autoridades constituídas providências efetivas e que antes dependiam de outras cidades que, logicamente, já se debatiam com os seus próprios problemas. Em fim brotou uma consciência política local e conhecedora de suas necessidades. Em decorrência da legitimidade desta representação popular vieram as estradas, as escolas públicas o posto médico e outros benefícios. Passamos a ser uma unidade da Federação com representantes estaduais e federais. “ Aparecemos na foto” no dito popular.
Na era Vargas e consequente instalação do Estado Novo, título bonito para a ditadura implantada, perdemos a representação política face ao fechamento das casas do legislativo em todos os níveis. Os anos ditatórias simbolizam atraso e escuridão para as consciências cívicas. Há que ser considerada, também, a coincidência com a Segunda Guerra Mundial. A bravura de nossos conterrâneos (homens e mulheres) nos ajudou a atravessar mais esta barreira capaz de ofuscar e impedir avanços matérias e culturais.
Celebrada a paz mundial e extirpada a Ditadura Vargas, voltamos a normalidade democrática com a Constituinte de 1946 que fortaleceu, ainda que pouco, a municipalidade brasileira. Todos estes fatos exigiram a participação das gerações que nos antecederam e fizeram a história chegar aos anos sessenta quando Coelho Neto experimentou uma mudança total em seu destino. Foi quando empreendedores e idealistas locais sonharam e criaram as indústrias que, uma vez implantadas, transformaram o município no mais próspero do Maranhão colocando o Estado no mapa industrial do país.
Em decorrência da geração de emprego para cá acorreram brasileiros oriundos de todo o Nordeste. Dobramos, em dezenas de vezes, o número de habitantes apesar de havermos cedido grandes áreas para a instalação de dois novos municípios (Afonso Cunha e Duque Bacelar). Além de criar emprego e renda o Município de Coelho Neto passou a ser o maior arrecadador de impostos para o Estado. Vivemos tempos gloriosos de desenvolvimento em todos os setores da atividade humana. Lamentavelmente o Grupo que sucedeu os nossos pioneiros se limitou a explorar os trabalhadores e a terra. Não modernizou as indústrias regredindo ao extrativismo primitivo. Contudo não há porque nos abater, o que foi conquistado não se perde com o fracasso de uma empresa, outras virão. As agruras que temos amargado fortalecem nossos espíritos para novos embates e conquistas.
O desenvolvimento cultural e o exercício da cidadania nos levaram a outras conquistas dentre elas a liberdade, a mais cobiçada de todas as aspirações ao longo da história da humanidade. O povo altaneiro deste município acaba de dar uma demonstração cabal e indelével de maturidade ao eleger um prefeito cujo compromisso com a cidadania foi capaz de superar os carcomidos métodos até então utilizados. De uma só vez o eleitor sepultou a prepotência, a corrupção eleitoral, a intimidação e a demagogia. E mais importante desmistificou a mau fadada fama de que em Coelho Neto se vende voto. Ecoou, em todo Maranhão, o brado de independência que fez surgir nova maneira de fazer política e florescer a autoestima que parecia entorpecida pelas frustrações.
Cada geração escreve sua página na história da humanidade. Com muita bravura estamos construindo um futuro mais digno e no qual a última eleição de Coelho Neto será um dos destaques, com certeza.
Temos história e coragem para reconstruir um novo caminho. Nada a lamentar, somos felizes e agradecemos a Deus por nos ter propiciado este berço do qual tanto nos orgulhamos. Para a frente e para o alto terra querida. Salve Coelho Neto, salve o seu grande povo.
*Dr. Magno Bacelar é advogado e exerceu os cargos de deputado estadual, deputado federal, senador da república, vice-prefeito de São Luís e prefeito de Coelho Neto.