O governador
do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso na manhã desta
quinta-feira (29/11), em uma operação da Polícia Federal. Ele é acusado de
receber propina durante sete anos em que foi vice-governador nos mandatos do
então governador Sérgio Cabral, entre 2007 e 2014.
O governador
recebeu voz de prisão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador
do estado. A operação da Polícia Federal é um desdobramento da Lava-Jato e é
resultado da delação premiada de Carlos Miranda, apontado como operador da
quadrilha chefiada por Cabral. O mandado de prisão foi expedido pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a relatoria do ministro Felix Fischer.
As
investigações apontam que o governador integra o núcleo político de uma
organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes
contra a administração pública, com destaque para a corrupção e lavagem de
dinheiro. Segundo a PF, Pezão recebia mesada de R$ 150 mil durante o mandato de
vice-governador e ainda teria recebido valores no valor de R$ 2,3 milhões para
pagar obras em sua residência, em Barra do Piraí, município ao sul do estado do
Rio de Janeiro.
Além do
governador, o secretário de obras José Iran Peixoto Júnior também é alvo da
operação. A PF também faz buscas na casa de Hudson Braga, ex-secretário de
Obras do governo Cabral. As operações começaram por volta das 6h da manhã
envolvendo pelo menos três viaturas e helicópteros que sobrevoam a região.
Pezão é o
terceiro governador do Rio de Janeiro preso e o primeiro em cumprimento do
mandato. Os ex-governadores Anthony Garotinho e Sergio Cabral foram presos.
Também foram detidos, anteriormente, o presidente da Assembleia Legislativa do
Rio, Jorge Picciani (MDB) e vários parlamentares da Casa.
Esquema
de corrupção próprio
A operação é
resultado de petição apresentada pela procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, ao relator do caso, Felix Fischer. Além das prisões, o STJ autorizou
buscas e apreensões em endereços ligados a 11 pessoas físicas e jurídicas, bem como
o sequestro de bens dos envolvidos até o valor de R$ 39,1 milhões. Ao todo, são
30 mandados que estão sendo cumpridos nas cidades cariocas do Rio de Janeiro,
Piraí, Volta Redonda e Niterói, além de Juiz de Fora (MG).
No pedido, Dodge enfatizou ainda que Pezão foi secretário de Obras e vice
governador de Sérgio Cabral, entre 2007 e 2014, período em que já foram
comprovadas práticas criminosas. “A novidade é que ficou demostrado ainda
que, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel
fundamental naquela organização criminosa, inclusive sucedendo-o na sua
liderança, Luiz Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus
próprios operadores financeiros”, diz em nota o MPF.
Ainda segundo a nota, cabia a Pezão dar suporte político aos demais membros da
organização que estão abaixo dele na estrutura do poder público e, para tanto,
recebeu valores vultosos, desviados dos cofres públicos e que foram objeto de
posterior lavagem.
Necessidade
de prisões
No pedido de
prisão, o MPF sustentou que, solto, Pezão poderia dificultar a recuperação
dos valores, além de dissipar o patrimônio. "Há registros documentais, nos
autos, do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$ 25 milhões no período 2007
e 2015. Valor absolutamente incompatível com o patrimônio declarado pelo
emedebista à Receita Federal. Em valores atualizados, o montante equivale a
pouco mais de R$ 39 milhões (R$ 39.105.292,42) e corresponde ao total que é
objeto de sequestro determinado pelo ministro relator", cita.
Pessoas
com prisões decretadas
Luiz
Fernando Pezão - governador do estado do Rio de Janeiro
José Iran
Peixoto Júnior - secretário de Obras
Affonso
Henriques Monnerat Alves Da Cruz - secretário de Governo
Luiz Carlos
Vidal Barroso - servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento
Econômico
Marcelo
Santos Amorim - sobrinho do governador
Cláudio
Fernandes Vidal - sócio da J.R.O Pavimentação
Luiz Alberto
Gomes Gonçalves - sócio da J.R.O Pavimentação
Luis
Fernando Craveiro De Amorim - sócio da High Control
César
Augusto Craveiro De Amorim - sócio da High Control
Correio Brasiliense.