Nesta
quarta-feira (8), completam-se exatos 60 anos de uma trágica ocorrência na
história recente da imprensa do Maranhão. O jornalista Othelino Nova Alves, de
48 anos, foi sequestrado na Base Aérea de São Luís e, em seguida, foi
brutalmente espancado pelo chefe de Polícia do Estado, major José Pereira dos
Santos, juntamente com outros policiais.
O atentado aconteceu dois dias depois de Othelino ter publicado, na capa do
Jornal Pequeno, um artigo demolidor contra o major Pereira, intitulado
“Honestidade?!”. Leia a notícia publicada, na época, na capa do Jornal Pequeno:
Acompanhado de capangas, o chefe de Polícia, Major José Pereira dos Santos,
atacou a mão armada, nesta sexta-feira (8), na Base Aérea de São Luís, o
jornalista Othelino Nova Alves, presidente do PTN no Maranhão. O atentado
ocorreu no momento em que Othelino descia as escadarias do DC-4 prefixo PP-LER,
do Loide Aéreo, procedente de Belém (PA), guiado pelo comandante Ildeu, coronel
da Aeronáutica.
O chefe de Polícia, sr. José Pereira dos Santos, foi chamado na Assembleia
Legislativa pelo deputado José Bento Neves de “chefe da contravenção penal no
Estado” e o major não reagiu e muito menos quando foi criticado pelos membros
da Federação das Indústrias, pela Ordem dos Advogados e pela Associação Comercial,
no caso Fernando Borgneth.
No entanto, desta vez, para agradar a Paulo Duarte e seus apaniguados, o sr.
Pereira achou por bem fazer um atentado contra Othelino. Desde meio-dia, o
chefe de Polícia foi visto na Base Aérea, em companhia do delegado Hilmar
Raposo e de vários capangas, junto aos tambores de gasolina do campo de
aviação. Às 13 horas, houve o atentado.
Coronel da FAB é ameaçado de morte
Othelino chegara de Belém, onde fora acertar a vinda do general Tasso Serra a
São Luís e estava no meio da escada do avião, ainda sob a responsabilidade do
coronel Ildeu, quando se viu cercado pelo sr. José Pereira e seus comandados.
O comandante da aeronave, ao pedir ao chefe de Polícia que não fizesse aquilo
com o jornalista, foi ameaçado de morte. De revólver em punho, o sr. José
Pereira ordenou ao coronel que não descesse um degrau da escada do avião, sob
pena de receber um tiro.
Depois de dominado, o jornalista foi posto num jeep e levado para o mato, onde
foi espancado brutalmente pelo chefe de Polícia e pelos seus capangas. Após o
atentado, os autores do crime ainda conduziram a vítima para a Policlínica
Santa Helena, onde inclusive lhe foram feitas várias ameaças. Na Policlínica,
na tarde desta sexta-feira (8), Othelino foi visitado por muitos homens de brio
de nossa terra, inclusive o Coronel Colares, o deputado Viana Pereira e o dr.
João Matos.
Todas as pessoas que viram o jornalista condenaram o brutal atentado e são
unânimes em declarar que deve haver uma providência para acabar com tais
abusos.
(Texto extraído dos originais do livro “Othelino: um herói da imprensa livre”,
que será lançado em São Luís no próximo mês)