Ribamar
Santana - Agência Assembleia
O
ex-secretário de Estado de Agricultura Familiar, o deputado Adelmo Soares
(PCdoB), foi o entrevistado de quarta-feira (26) no quadro
“Sala de Entrevista”, do programa “Portal da Assembleia”, da TV Assembleia. Ele
falou sobre a situação da agricultura familiar no Maranhão.
Adelmo
Soares disse que chega a Assembleia com a experiência de três mandatos de
vereador exercidos na Câmara de Vereadores de Caxias. “Estou muito feliz de
poder estar na Assembleia com essa experiência e, assim, contribuir no
sentido de ajudar meus pares a desenvolverem um bom trabalho a serviço da
população maranhense”, disse.
O deputado
esclareceu o porquê de ter proposto a criação da Frente Parlamentar em Defesa
da Agricultura Familiar. “A agricultura familiar é um eixo de desenvolvimento
de qualquer estado brasileiro. Costumo dizer que se almoçamos é
porque o homem do campo roça; se jantamos, é porque o homem do campo
planta. Portanto, sem roçar e sem plantar, não almoçamos nem
jantamos. Precisamos fortalecer esse eixo”, frisou.
Segundo o
parlamentar, o governador Flávio Dino (PCdoB), em seu primeiro mandato,
priorizou a agricultura familiar ao lhe dar condições para levar políticas
públicas de apoio e de incentivo à agricultura familiar. “Por conta disso,
fizemos um bom trabalho no Maranhão inteiro e fui votado em 209 dos 217
municípios. Por isso, tenho um compromisso com esse segmento do setor produtivo
maranhense. Pretendo tornar o agricultor e a agricultora familiar mais
visíveis”, enfatizou.
Para Adelmo
Soares, a agricultura familiar envolve assistência técnica, regularização
fundiária, reforma agrária, comercialização, associativismo, cooperativismo,
agroindústria, educação no campo e constitui-se em um eixo transversal do
desenvolvimento. “Sem investimentos que contemplem esses itens não se pode ter,
lá no campo, saúde, escoamento de produção, saneamento, uma boa produção e
educação. É preciso cuidar das pessoas e do meio ambiente como um todo”,
defendeu.
Crítica à
MP da Previdência
No
entendimento de Adelmo Soares, a MP 781 do Governo Federal, que trata dos
benefícios previdenciários, provoca uma destruição da municipalidade, no
Maranhão, porque 72% dos municípios vivem mais dos recursos pagos pelas
aposentadorias rurais do que dos próprios repasses do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM). “A aposentadoria rural representa para os municípios do
Maranhão quase R$ 8 bilhões, enquanto a receita total de FPM, incluindo a
capital, alcança somente R% 3,5 bilhões. Então, a aposentadoria rural é um eixo
de desenvolvimento rural. É ela que faz a economia local girar com o comércio,
a farmácia, a bodega, etc.”, explicou.
O
parlamentar revelou que, recentemente, esteve em Brasília, numa audiência
pública convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag) e a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Estado do
Maranhão (Fetaema), da qual participaram 15 deputados federais e foram
apresentadas mais de 600 emendas à proposta de reforma da Previdência.
“Apresentamos uma
documentação à nossa bancada federal, em Brasília, com dados substantivos sobre
a realidade rural maranhense. Somos de acordo que se façam correções em
distorções que, por acaso, sejam identificadas, mas não podemos penalizar quem
mais precisa. Há que se levar em conta que o homem do campo e da cidade vivem
realidades distintas. A proposta de reforma da Previdência proposta pelo
governo Bolsonaro favorece aqueles de maior renda, as grandes empresas, que
devem mais de R$ 540 bilhões à Previdência”, ressaltou Adelmo.
O deputado
defende que se amplie o debate na sociedade maranhense contra a proposta de
reforma da Previdência apresentada ao Congresso Nacional pelo governo
Bolsonaro. “A Frente em Defesa da Agricultura Familiar conta com o apoio de 26
deputados estaduais. Essa é uma causa de todos nós. A reforma da Previdência
prejudica o municipalismo e, portanto, o Estado do Maranhão. Espero que
prevaleça o bom senso. Não pode haver perda de direitos duramente conquistados.
Parece uma perseguição ao Nordeste, que foi quem menos votou
em Bolsonaro”, assinalou.
O
ex-secretário disse que a pasta da Agricultura Familiar, segundo ele criada no
governo Flávio Dino, sentiu a falta de recursos do governo federal e que, em
razão disso, não pode avançar mais no trabalho desenvolvido. “Sofremos uma
retaliação política que prejudicou o nosso trabalho. O Maranhão sofre com a
estiagem, principalmente na região do Sertão. Nosso período de chuvas cada vez
diminui mais, não absorvemos água e o nosso déficit de terra é imenso. Diante
dessas adversidades, o trabalho de fortalecer a agricultura
familiar constitui-se em um grande desafio. É preciso que se
dê continuidade ao trabalho que iniciamos no governo de Flávio Dino”,
diagnosticou.