Por Dr. Magno Bacelar.
Funcionário
do Tesouro Nacional desde 1920 foi no Governo Vargas (1936) que o maranhense,
natural da cidade de Caxias, Paulo Ramos foi eleito indiretamente pelos
Deputados Estaduais para governar interinamente o Estado do Maranhão em
substituição a Aquiles Lisboa cassado pela Assembleia. Com o golpe, que
resultou no Estado Novo, foi nomeado Interventor Federal no Estado de 1937 a
1945 quando passou o cargo ao Dr. Clodomir Cardoso.
Retratado como homem sério, rigoroso e feio. Por ser casado com uma Senhora loura
e muito bonita, a maledicência dos opositores apelidou o casal de “A Bela e a
Fera”. Os feitos e benefícios não foram notórios e suficiente para projetá-lo
nacionalmente. Criou, em 1938, o BEM-Banco do Estado do Maranhão, vendido ao
Bradesco por Roseana Sarney. - Fundou o DER Departamento de Estrada de Rodagem,
extinto por Roseana Sarney. O maior destaque de sua gestão foi o destaque dado
à educação. Homem probo, jamais foi acusado de desonestidade ou favorecimento a
parentes ou amigos. Como preposto cumpriu a tarefa de guardião dos interesses
políticos do ditador Vargas. No conjunto foi medíocre, poderia ter sido mais
útil à terra natal.
O interior, de difícil acesso, continuou abandonado sem a mínima garantia de
direitos individuais como soer acontecer nos regimes autoritários. Polícia,
chibata e cobrança de impostos compunham o triunvirato da época. Coagido e
isolado, o homem do campo não tinha direitos, tinha medo...
Já em São Luís, com maior visibilidade e graças a escolha de Pedro Neiva de
Santana para o cargo de Prefeito, foram realizadas obras de infraestrutura, com
abertura de avenidas, construção de escolas, hospitais e logradouros públicos.
O maior índice de popularidade de Paulo Ramos foi alcançado na Capital.
Popularidade do Interventor se projetou nacionalmente.
Para se certificar de que as coisas estavam em ordem em todo o estado eram
comuns incursões aos municípios e uma delas terminou indo à Coelho Neto, onde a
fama de inflexível e severo já o antecedera. Hospedou-se com o interventor
municipal, por ele nomeado, acolhido com muito carinho e até uma certa
submissão, fez questão de mandar programar uma reunião solene na Prefeitura
para uma preleção e audiência dos cidadãos. Com desfile da banda municipal e
retreta com execução dos hinos. Como em toda cidade pequena apareceu um sujeito
espaçoso (saliente) fazendo perguntas, denúncias vazias e outros incômodos.
Intolerante o Dr. Paulo Ramos mandou recolhe-lo ao xadrez a ser libertado
somente após sua saída rumo a Brejo.
Encerradas as comemorações e homenagens, com agradecimentos exagerados, o
interventor se recolheu com a recomendação de que ao levantar deveria receber
uma ata com todos os acontecimentos minunciosamente relatados. Sem coragem de
argumentar o pobre prefeito-interventor não pregou olho rezando para que a tal
ata fosse esquecida. Às 6 horas da manhã, pontualidade era uma das
características do Homem, chegou a triste hora da verdade. Onde está a ata que
determinei que fosse lavrada? – Não tem ata não Senhor e, humilhado quase
chorando concluiu – “O Senhor mandou prender o único TILÓ que nós tem”.
O inconveniente, com ares de importância, era o único datilógrafo da cidade