A jornalista Veruska Donato trabalhou durante 21 anos na Rede Globo. Ao se aproximar dos 50 anos de idade, ela passou a receber críticas da chefia da área de figurino “quanto à flacidez, ruga e gordura fora do lugar”.
A vida de jornalista é tensa, estressante, faz parte. Mas a pressão misógina da emissora para que seguisse um “padrão Globo” de beleza levaram Veruska a apresentar quadros de ansiedade e depressão até que, depois de mais de dois meses de afastamento, em 2021 ela se desligou da empresa.
Em uma decisão inédita, a Globo foi condenada a indenizar a jornalista por impor uma “ditadura da magreza” que a levou ao diagnóstico de Síndrome de Burnout. É a primeira vez que a emissora é punida por exigir que as mulheres sigam um “padrão Globo de beleza”.
Um documento anexado ao processo pelos advogados de Veruska Donato, um comunicado interno absurdo e misógino distribuído em 2017 pela direção de Jornalismo de São Paulo, mostra como a emissora determinava regras de beleza apenas para as mulheres. Eles interferiam em tudo, o texto falava de cor de esmalte, recomendava que fossem evitadas roupas de tecido aderente (por que marcam “um estômago mais avantajado e barriguinhas persistentes”) vedava o uso de franjas (para evitar um “visual frágil e infantilizado”), entre outras aberrações.
Em sua sentença, o juiz Adenilson Brito Fernandes, da 37ª Vara do Trabalho de São Paulo, reconheceu “a perseguição estética [da Globo] e uma “ditadura da magreza”, configurando “misoginia intolerável”.
A emissora terá, também, que pagar uma série de direitos trabalhistas que foram aviltados quando Veruska foi terceirizada mas seguiu trabalhando diariamente.
Para a “culpa patronal grave” e a “gravidade da patologia”, referente à “ditadura da magreza” o juiz determinou o pagamento de 50 mil reais como indenização. Já na questão trabalhista, o valor estipulado foi de R$ 3,5 milhões mas os advogados da jornalista afirmam que o valor pode mais que duplicar.
Fonte: Fenaj Oficial.