A inflação já vinha subindo, mesmo sem aumento no diesel, na gasolina ou no gás butano. Em fevereiro, a inflação medida nos últimos doze meses foi a maior desde 2015. Mas, mesmo com o nosso presidente hipotecando solidariedade a Putin (ninguém entendeu o porquê), foi a Rússia com seu poderoso aparato militar que invadiu a Ucrânia, um pais sem exército capaz de enfrentar este conflito que ocasionou tudo o mais. O peso da guerra chegou ao mundo todo, pois juntou novamente Estados Unidos e a Europa, até então meio estremecidos e desunidos e, atuando em conjunto com países de outros continentes, eles executaram uma reação econômica nunca antes vista, que está quebrando economicamente a Rússia, trazendo reflexos fortes no aumento do barril de petróleo, atingindo a todos e, ao mesmo tempo, provocando aumentos muito grandes aos fertilizantes, fundamentais à produção de alimentos. Esse aumento vai encarecer o preço dos alimentos, atingindo fortemente a classe mais pobre e mais necessitada.
Essa inflação medida em fevereiro, que já era a maior desde 2015, portanto crescendo cada vez mais, não tem as consequências da guerra, nos combustíveis, fertilizantes, alimentos e vai encarecer até o pãozinho de cada dia. O pior vem agora, daqui para a frente enquanto durar a guerra e seus embargos. A guerra não deve durar muito mais com a “vitória” da Rússia, mas os embargos esses devem continuar, por quanto tempo ninguém sabe.
O Brasil, por falta de estudos estratégicos, estava achando que o mercado de derivados de combustíveis iria ficar estável – mas este é um mercado altamente suscetível ao que se passa no mundo, guerras, etc – e adotou uma política de não refinar os seu petróleo e, assim, não produzir derivados de petróleo com o diesel, gasolina e outros. E vendia sua produção crescente de petróleo cru ou seja, comprava produtos caros e vendia o mais barato. Aqui mesmo, na costa do Maranhão tem indícios de grandes lençóis de petróleo, mais fáceis de obter do que o do pré-sal sem que a Petrobras tenha planos para ele. Esse petróleo poderia ser refinado no Maranhão, agregando grande valor a ele, além de diminuir a nossa dependência pela compra. E, mais uma vez, não temos projetos estratégicos para o país.
O mesmo se dá com os fertilizantes, oriundos do potássio, nitrogenados e fosfatados. Agora, o Congresso quer tirar das terras indígenas, o potássio (importamos 95% de nossas necessidades) onde tem só 11% das nossas reservas apenas. O grosso de nossas reservas, 89%, estão fora das terras indígenas e dezenas de pedidos de lavra estão parados. Dá para entender? De qualquer maneira, levará anos para termos autossuficiência, pois são previstos 30 anos para isso no Plano Nacional de Fertilizantes lançado semana passada.
Definitivamente vale o ditado: “o Brasil não é para principiantes”. Dá para entender?
ARTIGO ESCRITO PELO EX-GOVERNADOR JOSÉ REINALDO TAVARES.