Diversas lideranças partidárias prestaram homenagem neste sábado (22) ao falecido fundador do PDT, Leonel de Moura Brizola. O líder partidário estaria completando hoje 100 anos de idade, e é retratado por seus apoiadores como sucessor político do trabalhismo de Getúlio Vargas.
Entre os políticos que prestaram homenagem a Brizola está o ex-presidente Lula, com quem já compartilhou a chapa nas eleições para presidente da República. “Brizola faz parte da história viva desse país. (…) Foi uma das figuras proeminentes no golpe militar de 1964. (…) Uma figura como Brizola não morre, porque certamente estará na mente e nos corações de todas aquelas pessoas que amam o socialismo, que amam o trabalhismo, que acreditam que é possível um dia construir um país mais justo e mais solidário”, declarou.
Ciro Gomes, hoje candidato a presidente pelo mesmo partido fundado por Brizola, também se manifestou em sua homenagem em suas redes sociais. “Brizola representa coragem e amor ao mais pobre, o compromisso com a democracia e, acima de tudo, a obstinada convicção de que só a educação vai libertar o povo brasileiro. Ele sempre foi um rebelde e sempre teve a esperança como companheira inseparável”, escreveu, já emendando em seu atual slogan de campanha.
Outro que também prestou homenagem foi o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “Faria 100 anos hoje uma das maiores e mais inspiradoras lideranças políticas do Brasil. Quanta falta faz Leonel Brizola e seu patriotismo verdadeiro para esmagar os vendilhões que conspurcam a bandeira nacional”, publicou em seu perfil no Twitter. Alessandro Molon (PSB-RJ, líder da oposição na Câmara, se manifestou de forma semelhante. “100 anos de um grande brasileiro, comprometido com a educação pública, com a democracia, com a soberania nacional e com os interesses do povo brasileiro”, apontou.
Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria na Câmara, também prestou homenagem ao fundador do PDT, procurando relembrar sua política enquanto governador do Rio de Janeiro na década de 1980. “Sou professor e conheço bem o poder transformador da Educação. Por isso quero resgatar o papel dos CIEPs para que nossos jovens tenham escolas de qualidade. Reafirmar o papel da educação no desenvolvimento do RJ é a melhor forma de celebrar o legado de Brizola”, afirmou.
Quem foi Brizola
Nascido em 1922, o gaúcho Leonel de Moura Brizola foi um dos fundadores da ala jovem do PTB ainda na gestão de Getúlio Vargas, de quem se tornou amigo próximo e apadrinhado político. Iniciou sua carreira política como deputado estadual pelo Rio Grande do Sul em 1947, e ganhou especial relevância em 1961, como governador daquele estado, por coordenar a Campanha da Legalidade, movimento que permitiu a posse de seu cunhado João Goulart para a presidência da República.
Exilou-se no Uruguai e Argentina durante o regime militar de 1964, período em que atuou coordenando guerrilhas contra a ditadura. Em 1979, com a volta do pluripartidarismo, procurou recriar o PTB. A sigla, porém, ficou entregue por determinação judicial à sobrinha-neta de Getúlio Vargas, Ivete Vargas. Em resposta, Brizola fundou seu próprio partido, o atual PDT.
Em 1982, venceu as eleições para o governo do Rio de Janeiro, onde cumpriu dois mandatos. Seu governo foi marcado por um lado pela construção de centros educacionais voltados para a população das periferias (os CIEPs, apelidados de “brizolões”), e também por proibir incursões policiais em morros, medida duramente criticada por seus opositores. Foi apoiador do movimento Diretas Já, bem como da candidatura de Tancredo Neves em 1984.
Foi eleito governador novamente pelo mesmo estado em 1989, assumindo no ano seguinte. Seu segundo mandato foi marcado por controvérsias, principalmente por conta de desorganizações em sua gestão e sua oposição ao impeachment de Fernando Collor. Mesmo encerrando o governo com a popularidade em baixa, candidatou-se em 1994 para presidente, perdendo no primeiro turno.
Em 1998, concorreu à presidência como vice de Lula. A chapa perdeu para Fernando Henrique Cardoso, sem conseguir chegar ao segundo turno. Em 2002, tentou se candidatar a um cargo político pela última vez, concorrendo ao Senado pelo Rio de Janeiro, enquanto apoiava Ciro Gomes como candidato à presidência. Morreu em 2004, vítima de problemas cardíacos e pulmonares. Em razão de sua morte, Lula declarou três dias de luto oficial.
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