Por
Simplício Araújo*
Muita gente
ainda insiste em não aderir a medidas sanitárias de prevenção ao Covid-19.
Pessoas lotam praias, ruas, estabelecimentos… A vacinação até hoje só imunizou
cinco milhões de brasileiros com duas doses, e beiramos os quatro mil óbitos
diariamente em nosso país.
As previsões
de todos os especialistas apontam para as piores semanas, talvez meses, com
dezenas de milhares de pessoas morrendo enfrentando a covid-19 e o colapso de
um sistema de saúde que até agora tem dado conta do recado bravamente.
A comparação mais comum é que as quase quatro mil vidas seriam como mais de 10
aviões lotados caindo todo dia, sem sobreviventes. E, no caso da covid-19, não
são os passageiros as únicas vítimas diárias.
Tenho
conversado com muitos profissionais da linha de frente, maranhenses e de outros
estados; tenho visto em seus olhos a dura realidade do ônus que já existe em
outros estados e que pode chegar aqui: o de decidir quem vai primeiro para a
valiosa vaga de UTI existente. Tenho ouvido soluços de profissionais relatando
os momentos que antecedem a uma intubação, quando os pacientes entregam seus
telefones aos enfermeiros, após o choro, a tristeza, a voz apavorada em
ligações telefônicas breves, que, em 50% dos casos, é de despedida de seus
entes queridos.
Tenho rezado
por esses profissionais que buscam forças, mesmo exauridos após 14 meses de
combate. São sempre panglossianos com suas palavras otimistas, não desnudam o
crítico quadro de saúde de pessoas que são convencidas a aceitar a ventilação
mecânica ao saber que é a alternativa para não sucumbirem, por insuficiência
respiratória, em poucas horas.
Também rezo
e peço luz divina na mente de pessoas que acreditam em tudo o que leem nos
grupos de redes sociais e que estão de costas para a ciência; que não seguem
normas de controle sanitário e medidas restritivas ao bradarem que um
“tratamento precoce” cura e resolve. Rezo por gente que me alcança até pela
madrugada pedindo ajuda para encontrar um leito, e também pelos que só enxergam
interesses individuais; desde pequenos prazeres a grandes lucros, colocando os
interesses da coletividade em segundo plano.
Essa receita do tratamento precoce gerou tragédias como a de Manaus, Porto
Alegre, Araraquara, e vai gerar onde não for compreendido que as medidas
sanitárias devem ser obedecidas.
Também peço
sempre a Deus pelos parentes e pelas vítimas desse vírus, e tenho lutado para
ajudar a evitar mais mortes. Acredito que cada um pode fazer a sua parte; seja
um simples cidadão ou mesmo uma empresa.
Esta
pandemia é uma prova de fogo para a humanidade, e por isso o peso deve ser
compartilhado. Não podemos deixar todo o peso sobre os profissionais de saúde
ou pessoas que estão trabalhando na retaguarda deles. Acima de tudo, não
podemos sabotá-los impingindo mais peso ainda nas suas difíceis missões.
Precisamos
todos ajudar, mostrar que temos responsabilidade, e exercer a nossa liderança
em casa, na rua, no bairro, no trabalho, na igreja, na administração pública e
na política de saúde, para que tenhamos o máximo de pessoas vivas para ajudar
na reconstrução de nossas cidades, estados e países.
Precisamos
dar o melhor de nós. Ter os melhores de nós na liderança dessa guerra fará toda
a diferença. A hora pede líderes sensíveis a todos e não apenas à sua própria
situação ou seu entorno; solícitos e dedicados a fazer o bem e ter empatia com
o próximo.E líderes solidários com o momento plural que ainda está permeado por
egoísmos individualistas.
Acredite,
você pode contribuir! A humanidade está clamando pela sua contribuição.
*
Secretário Estado da Indústria, Comércio e Energia