sexta-feira, março 07, 2025

JOÃO SANTANA CRITICA COMUNICAÇÃO POLÍTICA DE “MELANCIA DIGITAL PENDURADA NO PESCOÇO”

 


Desde que a Comunicação entrou na pauta nacional, com a mudança de ministro na Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República, nenhum profissional da área havia feito considerações com tanta propriedade. Em Brasília, mês passado, no Seminário Reboot de Comunicação Política, Pública e Institucional, o publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas de Lula, Dilma e de sete campanhas presidenciais no mundo, deu uma aula para os deslumbrados e equivocados com as tais possibilidades digitais.

Santana foi preciso ao destacar que a Comunicação interfere “no cerne do poder e da política”. Mas fez uma abordagem além da obviedade feijão com arroz sobre o digital. Declarando-se apaixonado pelas redes sociais fez críticas contundentes ao que chamou de “transição da política de espetáculo (em referência ao francês Guy Debord, autor de “A Sociedade do Espetáculo”) para a política circense-mambembe, de palhaçada e arena sangrenta”

“As redes sociais enriqueceram e também empobreceram o debate e a ação política”, criticou.


No mundo movido pelas redes, o ex-marqueteiro de Lula defendeu “conteúdo profundo sem recorrer à banalidade”. Diante do consenso em torno dos políticos que hoje são reconhecidos como fenômenos das redes sociais, a exemplo do prefeito de Recife, João Campos, João Santana fez um apelo à urgência em se “restituir a dignidade e o interesse pela política”. E cravou uma crítica que serve como recomendação aos aspirantes à performance do jovem prefeito pernambucano sobre a Comunicação Política dos que aparecem com uma “melancia digital pendurada no pescoço”, classificada por ele como “miséria simbólica”.


O fato é que a velocidade das mutações contemporâneas e de um mundo hiperconectado atropelou as instituições analógicas, que se apressaram em entrar nas redes sociais em busca de visibilidade e passaram a dar pouca importância ao velho e bom conceito e às informações que, definitivamente, demonstram avanços sociais resultantes da ação política. O conteúdo é rei. Mas a questão central é qual conteúdo deve reinar para o êxito e aprovação popular, sob inúmeros formatos criativos.

A lição é básica: Comunicação Pública tem como foco o interesse público. Os gracejos e exposições pessoais nas redes sociais dos prefeitos, governadores, vereadores e deputados, sem a sisudez dos ternos e da narrativa chapa branca, tornaram-se tão modinha e, de tão banais, perderam a graça. Alimentar o voyeurismo da população sem o alimento de uma vida melhor não surte efeito nenhum na hora do voto. É preciso expertise e ser mais do que “instagramável”.


A Comunicação que, ressalte-se, há alguns anos era tratada como “perfumaria” para exaltar os feitos dos políticos e seus mandatos, hoje é um dos setores mais estratégicos de um governo, organização ou instituição.

Fonte: Buliçoso- Flávia Regina.

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